sábado, 20 de março de 2010

*Chile e Cuba: a sociedade e os desastres naturais*

Os jornalistas Ariel Palacios e João Paulo Charleaux de "O Estado de S. Paulo" revelaram em matéria publicada na edição de domingo, 7 de março, o lado escuro da catástrofe do Chile.

Este país andino, como sabemos todos, é o queridinho de Washington e o modelo de nação dos nossos grandes meios de comunicação.

Transcrevo trechos:
"O tremor de 8,8 graus na escala Richter desencadeou uma onda de saques ao comércio, incêndios criminosos, roubos em massa a residências, além de paralisação do governo central, abalando a imagem positiva que os chilenos tinham de si mesmos e costumavam projetar, orgulhosos, para o mundo."

"Foi espantoso. Pensávamos ter mais capital social do que realmente temos", lamentou o sociólogo Eugenio Tironi da Corporação de Pesquisas Econômicas para a América Latina.

"Na área rural percorrida pelo Estadão, entre as cidades de Concepción, assolada pelos saques, e Dichato ... os moradores caminhavam alertas pelas estradas, com espingarda em punho. Os carros não davam carona nem para idosos, temendo assaltos."

"Que desenvolvimento o quê. Na verdade, somos gatos na pele de leão" disse o médico Claudio Missarelli."É falsa a imagem que os governos e os empresários chilenos venderam ao mundo, de que este era um país equivalente aos tigres asiáticos. ... Nem no Haiti as pessoas se comportaram assim."

"O Chile é um país que sabe que está localizado sobre uma falha geológica, mas finge não saber que também foi construído sobre falhas sociais e morais graves', disse o jornalista e analista político Nibaldo Mosciatti. "Nós convivemos com uma sociedade que mescla uma enorme hipocrisia com um ressentimento profundo e isso aflora em situações como essa."

"Pobres roubaram os ricos; chilenos de classe média alta dirigindo caminhonetes importadas assaltaram comércios abandonados por seus donos que tinham fugido do terremoto. Todos roubaram de todos, não foi uma questão de classe social. O vandalismo foi protagonizado por todos", disse, perplexa, a prefeita de Concepción, Jacqueline van Rysselberghe.

Cuba sofreu em 2008, três formidáveis furacões, um deles, o Ike, simplesmente devastador, que destruiu milhares de casas, lavouras inteiras, arrasou sistemas elétricos, inundou cidades, destroçou árvores, ao longo do país. Os mortos puderam ser contados nos dedos de uma só mão - e isto por imprevidência. O governo atuou firme e eficazmente antes e depois dos desastres naturais, apesar dos limitados recursos. Não se teve notícias de saques, roubos ou assaltos. Sobrou, como sempre, solidariedade.

Esta MATÉRIA nos foi enviada pelo confrade SÍLVIO B. PINHEIRO, de Santos, SP.

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