terça-feira, 31 de maio de 2011

A bastilha da exclusão

Nos anos 90, a cada dez brasileiros, quatro eram miseráveis. Hoje a proporção é de um para dez. O ganho é indiscutível. Mas o desafio ficou maior: erradicar a miséria pressupõe atingir a bastilha da exclusão que no caso do Brasil tem uma intensidade rural (25,5%) cinco vezes superior à urbana (5,4%).

José Graziano da Silva

No Brasil, a intenção é aprimorar o foco das ações de transferência de renda, associadas a universalização de serviços essenciais e incentivos à emancipação produtiva. Espera-se assim alçar da exclusão 16,2 milhões de brasileiros (8,5% da população) que vivem com menos de R$ 70,00 por mês.

A morfologia da exclusão nos últimos anos indica que o êxito da empreitada brasileira- ou regional - pressupõe, entre outros requisitos, uma extrema habilidade para associar o combate à miséria ao aperfeiçoamento de políticas voltadas para o desenvolvimento da pequena produção agrícola. Vejamos.

A emancipação produtiva de parte dessa população requer habilidosa sofisticação das políticas públicas.

Apenas 15,6% da população brasileira vive no campo. É aí, em contrapartida, que se concentram 46% dos homens e mulheres enredados na pobreza extrema - 7,5 milhões de pessoas, ou 25,5% do universo rural. As cidades que abrigam 84,4% dos brasileiros reúnem 53,3% dos miseráveis - 8,6 milhões de pessoas, ou 5,4% do mundo urbano.

Portanto, de cada quatro moradores do campo um vive em condições de pobreza extrema e esse dado ainda envolve certa subestimação. As pequenas cidades que hoje abrigam algo como 11% da população brasileira constituem na verdade uma extensão inseparável do campo em torno do qual gravitam. Um exemplo dessa aderência são os 1.113 municípios do semi-árido nordestino, listados como alvo prioritário da erradicação da miséria brasileira até 2014.

Nos anos 90, a cada dez brasileiros, quatro eram miseráveis. Hoje a proporção é de um para dez. O ganho é indiscutível. Mas o desafio ficou maior: erradicar a miséria pressupõe atingir a bastilha da exclusão que no caso do Brasil tem uma intensidade rural (25,5%) cinco vezes superior à urbana (5,4%).

O cenário da América Latina e Caribe inclui relevo semelhante com escarpas mais íngremes. Cerca de 71 milhões de latinoamericanos e caribenhos são miseráveis que representam 12,9% da população regional, distribuídos de forma igual entre o urbano e o rural: cerca de 35 milhões em cada setor. A exemplo do que ocorre no Brasil, porém, a indigência relativa na área rural, de 29,5%, é mais que três vezes superior a sua intensidade urbana (8,3%), conforme os dados da Cepal de 2008.

Estamos falando, portanto, de um núcleo duro que resistiu à ofensiva das políticas públicas acionada na última década. Desde 2002, 41 milhões de pessoas deixaram a pobreza e 26 milhões escaparam do torniquete da miséria na América Latina e Caribe. Essa conquista percorreu trajetórias desiguais: declínios maiores de pobreza e miséria correram na área urbana (menos 28% e menos 39%, respectivamente) em contraposição aos do campo (menos 16% e menos 22%).

Uma visão de grossas pinceladas poderia enxergar nesse movimento uma travessia da exclusão regional em que a pobreza instaura seu predomínio na margem urbana, enquanto a maior incidência da miséria se consolida no estuário rural e na órbita dos pequenos municípios ao seu redor.

A superação da miséria absoluta é possível com a extensão dos programas de transferência de renda aos contingentes mais vulneráveis. Mas a emancipação produtiva de parte desses protagonistas requer habilidosa sofisticação das políticas públicas. A boa notícia é que o núcleo duro rural inclui características encorajadoras: os excluídos tem um perfil produtivo, um ponto de partida a ser ativado. Os governos, por sua vez, tem experiências bem sucedidas a seguir. Entre elas, a brasileira, a exemplo do crédito do Pronaf, e das demandas cativas que incluem o suprimento de 30% da merenda escolar e as Compras de Alimentos da Agricultura Familiar, implantadas nos últimos anos. Não por acaso, a pobreza extrema no campo brasileiro caiu de 25% para 14% entre 2002 e 2010 e a renda do agricultor familiar cresceu 33%, três vezes mais que a média urbana nesse mesmo período.

José Graziano da Silva está licenciado do cargo de Representante Regional da FAO para a América Latina e Caribe.

O índice de pobreza no Pará

O último censo sobre o número de pessoas abaixo da linha da pobreza no Brasil, aponta a existência 16 milhões de miseráveis, ou seja, 8,42% de uma população de 190 milhões.

No Pará as coisas são piores. O mesmo levantamento identifica 1,4 milhões de miseráveis, o que significa 18,6%, em uma população de 7,5 milhões de habitantes.

Realmente, o desenvolvimento ocorrido em todo o Brasil com os dois governos Lula, não chegou ao Pará.

Rádio e TV: uma comunitária a cada três emissoras, diz governo

Lista divulgada pelo ministério das Comunicações revela que redes comunitárias de rádio e TV estão presentes em todos os estados brasileiros e representam um terço das 14 mil emissoras em operação.
Para combater 'laranjal' na radiodifusão, ministério abre o nome dos sócios das emissoras e prepara mudanças nas próximas disputas por outorgas. Minas Gerais é o estado com o maior número de redes comunitárias (691), seguido por São Paulo (551) e Rio Grande do Sul (362). Na rabeira, estão Acre (5), Roraima (6) e Amapá (16).

André Barrocal

BRASÍLIA – As rádios e TVs comunitárias alcançam hoje todos os estados brasileiros e representam um terço da radiodifusão. O país tem 14.154 emissoras em operação, das quais 9.682 são comerciais, 4.242 são comunitárias e 230, educativas.

Os números fazem parte de um banco de dados sobre outorgas de rádios e TVs que o ministério das Comunicações divulgou nesta segunda-feira (30/05). A lista traz nome e sobrenome de cada um dos sócios e dirigentes das emissoras.

Minas Gerais é o estado com o maior número de redes comunitárias (691), seguido por São Paulo (551) e Rio Grande do Sul (362). Na rabeira, estão Acre (5), Roraima (6) e Amapá (16). O Acre, aliás, é o único estado que não possui emissora educativa.

As posições entre São Paulo e Minas se invertem, no caso das emissoras comerciais: 1.595 no primeiro e 1.303, no segundo. O Rio Grande do Sul também fica em terceiro lugar (935). Na outra ponta, estão Amapá (37), Roraima (42) e a capital do país, o Distrito Federal (46).

A lista de outorgas está disponível na página eletrônica do ministério das Comunicações. Sua divulgação tinha sido anunciada pelo ministro Paulo Bernado há cerca de um mês, durante reunião dele com a Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular.

Na ocasião, Bernardo dissera que o objetivo era contar com a ajuda da população para identificar “laranjas” por trás das concessões. O ministério espera que as pessoas vejam a lista e informem o governo sobre sócios suspeitos que porventura elas conheçam.

Também para combater o “laranjal" na radiodifusão, o ministério mudará as regras das licitações. Vai exigir que os interessados apresentem parecer de auditoria independente comprovando que têm capacidade financeira para tocar uma emissora. Que provem que há distribuição de lucros entre os sócios. Que depositem caução de 20% no ato da inscrição, e não de 1%, como é hoje. E que paguem pela concessão até a assinatura dela, e não mais em até 12 meses, também como ocorre hoje.

“Nós adotaremos estes critérios já nas próximas licitações”, disse Paulo Bernardo. “Hoje, há cerca de 300 processos no ministério que nós vamos cancelar para reabrir com as novas exigências. O que já chegou ao Congresso, aí será uma decisão dos parlamentares.”

Nuvens negras no horizonte - desdobramentos da crise mundial

Já se delineiam duas sérias ameaças em nível global, que podem indicar um primeiro desdobramento da crise financeira originada nos Estados Unidos em 2008. É a situação crítica da questão fiscal dos Estados Unidos e Grécia.

Os holofotes agora estão na Grécia, mas não levará tempo para se dirigirem aos EUA. Face a esse quadro, o melhor para o Brasil é apostar as fichas da saúde econômica e financeira naquilo em que somos bons: alto potencial de mercado interno inexplorado.

Assim, é bom repensar as políticas do pé no freio, que podem fragilizar o País aos trancos que poderão vir de fora.
Amir Khair (Carta Capital)

A mídia revolucionária e democrática na Venezuela - continuação

(Por Luciana Lanza e Leo Drumont)

América Latina

Em 2005, a Venezuela criou, no front internacional, sua mais poderosa arma de informação: a TELESUR. É uma multiestatal, capitaneada pelo estado venezuelano e que já conta com a participação da Argentina, Bolívia, Cuba, Equador e Nicarágua. Com o lema Nosso Norte é o Sul, é o principal veículo difusor de uma das bases fundamentais da revolução: a integração da América do Sul e do Caribe.

Sua sede, impecável, impressiona. Tudo novo, bem iluminado, equipamento de última geração. Alí trabalham cerca de 650 profissionais, de diversas nacionalidades, com a missão de conectar a América Latina com o mundo. Nisto, já lograram atuações de repercussão mundial, entre as mais destacadas, a libertação de reféns das FARCs, o golpe de estado em Honduras e a tentativa de golpe no Equador.

Tivemos acesso aos seus planos de expansão para uma maior presença no Brasil. Aqui, quase ninguém sabe que a TELESUR possui um noticiário em português, feito por brasileiros. Por enquanto, só traduzem e apresentam as notícias produzidas em espanhol. Mas o projeto vai além: ampliação da grade em português, produção própria de conteúdo e maior difusão pela internet. Porém, tal é a pressão contra a TELESUR no Brasil que só a TV Educativa do Paraná transmitia o noticiário em português. Com a saída do governador Roberto Requião, nem ela mais. Alternativas para sua presença aqui têm parcas possibilidades em Pernambuco e Belo Horizonte. Executivos da Record News estiveram lá, mas nada se concretizou até o momento. Visitamos também a Rádio Del Sur, fundada em 2008 com proposta similar à Telesur. Seu sinal está restrito à Venezuela, mas pode ser acessado pela internet.

Em 2006, vem à luz a Avila TV, talvez a mais vanguardista iniciativa revolucionária em linguagem televisiva. Criada pelo ex-prefeito metropolitano de Caracas, Juan Barreto, foi concebida como TV Escola, e é dirigida ao público jovem. Na sede do canal – repleta de uma garotada irreverente e bem humorada, vestindo jaquetas e bonés e fazendo sua própria revolução no front televisivo – todos são responsáveis por tudo: técnica, reportagem, apresentação de programas, câmeras, áudio, redação e o escambau.

A transmissão é restrita à Caracas, o que lhes permite liberdade de experimentação, com forte apelo musical e gráfico, junto a um público essencialmente urbano e mais aberto a inovações. A maioria é formada na EMPA (Escuela de Medios y Producción Audiovisual), dentro da qual foi incubada a Avila TV.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Homenagem a João Carlos Haas Sobrinho – guerrilheiro do Araguaia

Porto Franco, no sul maranhense, região da Guerrilha do Araguaia, vai pronunciar nos próximos dias 28, 29 e 30 com muita intensidade o nome de um dos seus mais ilustres filhos adotivos: João Carlos Haas Sobrinho, o “Dr Juca”, como a população o conhecia.
(Fundação Mauricio Grabois)

O MUNDO CAPITALISTA EM CRISE

G xis

Decididamente, o mundo está em estado G-Xis. Dizer que o G8 dá as cartas hoje seria exagero; G20 uma ficção. O mundo está desregulado, embora com a tendência à multipolaridade; a questão é de coordenação: G-zero segundo Nouriel Roubini, neste momento. Quanto ao futuro imediato, G-Xis, não se sabe como será. A derrapada atual na retomada da crise nos EUA e o agravamento da situação da Europa podem pôr dez anos na recuperação. Japão já ultrapassa isso, dificultada a retomada agora pela crise nuclear. Enquanto isso, outros países emergentes se recuperam mais rapidamente e isso agrava a descoordenação.

Uma ou duas décadas perdidas?
A Europa vai ter que produzir um plano Brady para reestruturar a dívida da crise na Grécia, Portugal e Irlanda (Espanha e Itália à espreita). Será apenas uma década perdida? Na América do Sul foram duas, depois do ajuste da dívida, após EUA-Volcker darem o “golpe” dos juros em 1979, e pegou os países numa dívida externa insustentável a taxas pós-fixadas. Foi esperta a banca. Agora é Alemanha quem vai bancar essa sua “área de influência” crescente. Por isso quer manter a Europa, o seu BC e a união monetária. Vai se conseguir isso tudo com o engessamento dos BCs nacionais?

Presença do PCdoB na passeata contra a corrupção

No blog da Franssinete Florenzano, imagens da presença do PCdoB na passeata:


sábado, 28 de maio de 2011

Sepultamentos verticais

Por Paulo Fonteles Filho.

Uma modalidade desconhecida de sepultamentos pode ter ocorrido no Araguaia: a inumação vertical.

Quem traz a mórbida informação é o dirigente da Associação dos Torturados na Guerrilha do Araguaia (ATGA), Sezostrys Alves da Costa, que, como eu, participa dos esforços capitaneados pelo governo federal no sentido de localizar os desaparecidos políticos no Sul do Pará e Tocantins.

Quem enseja a novidade é um ex-soldado que atuou naqueles sertões durante todo o ano de 1973. Como outros soldados de sua geração, guarda, ainda, segredos não revelados daqueles tempos de infâmia.

O medo ainda é muito presente neste trabalho, na coleta de importantes depoimentos, que possam nos dar a nitidez que a história nacional exige.

Os véus, porém, aos poucos vão sendo retirados e revelam detalhes que nos deixam boquiabertos, verdadeiramente pasmos.

Agora, a novidade, são as covas verticais. E em tais covas, muito fundas, pode haver um amontoado daqueles brasileiros que procuramos.

Como prestava guarda para o alto-comando na Base de Xambioá, o ex-soldado ouviu, por diversas vezes, discussões sobre como dar o “tratamento adequado” para os que ali, depois das insanas torturas, eram mortos covardemente.

Ao longo dos anos acreditávamos que os desaparecidos políticos do Araguaia teriam sido enterrados em cova-rasa e que apenas o material orgânico que produz a natureza, teria dado-lhes a última coberta. Mas parece que não foi bem assim.

É claro que novos indícios exigem maior exame, sabemos disso. Mas sabemos, também, que precisamos estar bastante atentos em tudo aquilo que nos chega às mãos. A desatenção e a preguiça, neste trabalho, podem criar um inestimável prejuízo.

O fato é que esse dado novo deverá fazer com que revisitemos um conjunto de polígonos já pesquisados. Quem tem pressa, um tipo de pressa que atrapalha qualquer atividade científica pode ficar em casa, longe do sol escaldante que faz com que nossas cabeças fiquem amiudadas e pensem a conta-gotas.

Tais inumações verticais ocorreram em locais já sabidos como as Bases de Xambioá, Bacaba e é possível, também, na antiga sede do Dner, atual Dnit de Marabá. Onde houver cisterna, poço fundo, o caminho pode ser por lá, julgo eu diante das informações de ex-militares.

Em Belém, por exemplo, um crânio do Araguaia foi encontrado numa cisterna quando das construções do Complexo Feliz Lusitânia no inicio da década de 2000.

Pergunte ao Paulo Chaves, atual secretário de cultura paraense o que aconteceu a esta cabeça de guerrilheiro. Ele e os torturadores encastelados na Abin-Pa sabem. Aliás, seria bom mesmo perguntar - porque perguntar não ofende - quem é Léo, suposto geológo da Secult que levou o referido crânio humano para lugar até hoje ignorado.

Aliás, a Paulitec, de São Paulo, também deve saber. Os operários que encontraram aqueles poucos vestígios humanos disseram-me que a empresa orientou o silêncio aos peões. O problema é que peão fala e não fala pouco.

Na época do achado tentaram dizer aos trabalhadores da construção civil que o que havia sido encontrado era um crânio de um bicho qualquer mas ninguém na obra acreditou. Operário não têm nariz furado. Viva aos nossos operários!

Outro local onde esta prática também pode ter havido são os cemitérios de toda a região do Araguaia. Os cemitérios de Marabá, Xambioá e São Geraldo devem ser esquadrinhados. E o cemitério de São Joaquim, no Médici, em Belém, também deve ser pesquisado.

Retorno à Belém porque as cabeças cortadas na guerrilha eram enviadas, em caixas de isopor com gelo, até a capital paraense. E deveriam ir a dois lugares: a V Companhia de Guardas (hoje Feliz Lusitânia) ou até aquele imenso quartel da Almirante Barroso, o 2° Bis.

De qualquer forma iniciamos os trabalhos de 2011 com informações nunca antes prestadas, com melhores indicações, com a sociedade se mobilizando em torno da criação da Comissão da Verdade e com o governo federal disposto a enfrentar tão civilizatória questão – a dos desaparecidos políticos brasileiros.

Cada vez mais o problema de desvendar nosso passado ditatorial é de natureza política. O caminho é seguir adiante, enfrentar desafios, infundir convicções e não se quedar diante dos violentos.

Nossa vingança é vacinar a consciência nacional.

João Amazonas, ideólogo e dirigente do PCdoB

Nesta data, 27 de maio, há nove anos, deixava para sempre o nosso convívio o camarada João Amazonas. O João, como o chamávamos, encabeçou o processo de refundação do Partido Comunista do Brasil, em 1962, quando atacado pela onda revisionista e liquidacionista que teve origem no 20º congresso do Partido Comunista da União Soviética, de 1956.

Por José Reinaldo Carvalho

A ruptura com o revisionismo tinha também razões internas, relacionadas com a tática e a estratégia da revolução brasileira e a construção do Partido. Amazonas se insurgiu contra um grupo reformista e oportunista, que tentou diluir o partido no movimento de sustentação ao governo de Juscelino Kubitschek, sob a égide do nacional-desenvolvimentismo. Esse grupo rasgou o programa do 4º Congresso, de 1954, que embora com limitações políticas e ideológicas, era na sua essência revolucionário. Substituiu-o pela Declaração de Março de 1958, que entrou para a história do movimento comunista do Brasil como o documento fundador do revisionismo contemporâneo e do oportunismo de direita.

É edificante ler a polêmica que o companheiro de João Amazonas, o também saudoso camarada Maurício Grabois, sustentou com os signatários da Declaração de Março de 1958. O debate foi acirrado, mormente quando se aproximava o momento da realização do 5º Congresso (1960), que consumou a cisão no partido e levou ao surgimento de dois partidos comunistas no país: o PCB e o PCdoB.

Amazonas foi o ideólogo e o dirigente político da reorganização revolucionária do PCdoB. Sob sua direção, os comunistas atravessaram o período mais difícil da existência do partido, a ditadura militar (1964-1985), na mais estrita clandestinidade; fizeram a luta armada no Araguaia, episódio em que se destacou o heroísmo de nossa juventude. A Guerrilha do Araguaia é irrepetível, um movimento condicionado pelas agruras da época, onde também se cometeram erros políticos, ideológicos, organizativos e militares, erros que não são nem deveriam ser um tabu nas fileiras partidárias, porquanto já analisados no 6º Congresso, em 1983.

O camarada João dirigiu a formulação de uma estratégia revolucionária, baseada nos princípios do marxismo-leninismo, e de uma tática ampla, combativa e flexível. Ensinou-nos que o partido deve enraizar-se entre as massas, inserido no curso político, enfrentar os grandes e pequenos embates políticos do cotidiano e acumular forças revolucionariamente.

João Amazonas foi um dos artífices da frente política que levou Lula ao poder em 2002.

Fundou a Frente Brasil Popular da memorável campanha Lula-lá de 1989. Um dos seus últimos atos, como presidente de honra do PCdoB, poucas semanas antes de sua morte, foi receber uma delegação composta por Lula e Zé Dirceu, na sede nacional do Partido, quando foram pedir formalmente o apoio dos comunistas para a campanha vitoriosa que se iniciaria em seguida. As atuais conquistas democráticas e patrióticas do povo brasileiro têm muito a ver com a contribuição de João Amazonas.

Amazonas viveu intensamente e enfrentou o período contrarrevolucionário de liquidação do socialismo na URSS e países do Leste europeu, em fins dos anos 1980, começos da década de 1990. Ajudou o partido a extrair as lições daquela viragem histórica, que marcava a existência de profunda crise na teoria e na prática do movimento revolucionário e comunista. Comandou a autocrítica antidogmática, a partir do 8º Congresso (1992), sem cair no canto de sereia do oportunismo de direita nem do liquidacionismo.

Propugnou pela construção de um partido de massas e de quadros, renovado nas formas de atuação, na atualização de conceitos e métodos, mantendo sempre os princípios de um partido com identidade comunista, perspectiva estratégica socialista e marcado caráter de classe como partido dos trabalhadores.

O momento de expansão e vitórias políticas que o PCdoB vive hoje faz parte do legado do camarada João. Avançar requer tomar como referência constante os seus ensinamentos.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

O caminho do socialismo no Vietnã



Na noite da segunda-feira (4), o embaixador da República Socialista do Vietnã, Duong Nguye Tuong, esteve na sede nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), na cidade de São Paulo, onde foi recebido para uma palestra sobre o seu país. Falando em português límpido, ele se apresentou como camarada dos comunistas do Brasil, deixando de lado sua condição diplomática, para expor aspectos da construção socialista e interagir com os presentes.

Por Osvaldo Bertolino (jornalista da Fundação Mauricio Grabois)

Duong Nguye Tuong iniciou a palestra dizendo que falava para um partido irmão do Partido Comunista do Vietnã (PCV) e que a intenção era trocar experiências e impressões sobre a edificação do socialismo nas condições concretas de cada país. Ele dividiu a intervenção em três partes: a renovação econômica, o papel do PCV na sociedade e a configuração do Estado e do governo. Explicou que até 1986 seu país seguiu o modelo econômico soviético, o que resultou, com a crise que derrubou aquele sistema, em sérios problemas sociais e políticos.

Foi quando o Comitê Central (CC) do PCV decidiu aplicar a política de renovação, conhecida como “socialismo de mercado”. Segundo Duong Nguye Tuong, tal orientação implicou em considerar algumas vantagens do sistema capitalista, adaptadas às condições vietnamitas. Uma delas é a forma de propriedades, que agrupa o setor privado, o Estado e os investimentos estrangeiros. Mas trata-se de uma economia dirigida, comandada pelo governo, sob a orientação do PCV.

Esse arranjo, explicou, deu uma nova dinâmica ao país, substituindo importações e até exportando produtos básicos, como o arroz. Hoje o Vietnã é o segundo exportador desse produto, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Duong Nguye Tuong disse que em 25 anos o país construiu uma economia moderna, avançada e com características típicas do socialismo, que cresce em média 7,2% ao ano há mais de 20 anos. Para ele, a socialização do país passou a ser vista como um projeto de longo prazo, planejado e bem alicerçado, de acordo com as peculiaridades vietnamitas.

Denominações

Outro aspecto da renovação, disse ele, é a condução política do país. Houve uma reforma no PCV e no governo para adequá-los à nova orientação econômica. Isso deixou o partido mais forte para liderar a nova fase de desenvolvimento. Essa renovação, explicou Duong Nguye Tuong, consistiu basicamente em superar a prática de copiar o modelo soviético e adotar uma política em consonância com a realidade vietnamita. Não foi uma tarefa que exigiu grandes esforços porque o PCV tem uma cultura de adaptar-se às realidades, segundo Duong Nguye Tuong, desde a sua fundação, em 1930.

O partido nasceu com a denominação de Partido Comunista da Indochina e em 1945, com o nome de Partido do Trabalho, constituiu a Liga da Independência do Vietnã, com a finalidade de agrupar todas as forças que lutavam para derrotar a colonização francesa. Essa denominação durou até a derrota completa dos invasores norte-americanos, em 1976, quando adotou o nome de Partido Comunista do Vietnã. Segundo Duong Nguye Tuong, essa trajetória demonstra a capacidade do PCV de adaptar-se à cada realidade do país e se expressar de forma condizente com os anseios e a cultura do povo, que sempre vê nos nomes uma significação.

Percalços

Com essas flexões e a adoção de políticas que respondem às características de cada momento, o partido granjeou grande prestígio e respeito. Duong Nguye Tuong explicou que o povo chama o PCV de “nosso partido”. A popularidade é tanta que cada família tem pelo menos um membro filiado. Essa condição, disse ele, demonstra ao mesmo tempo muita confiança do povo e a responsabilidade que cabe aos comunistas na direção do processo revolucionário. O PCV, enfatizou Duong Nguye Tuong, procura corresponder a essa respeitabilidade zelando pelo vigor da teoria e da política dos comunistas.

Ele explicou que o governo vietnamita tem um perfil voltado para os interesses do povo. Um governo do povo e para o povo como princípio da construção do país, enfatizou. E o PCV, como força dirigente desse processo, tem uma grande força mas também muitos desafios. Segundo Duong Nguye Tuong, a natureza do partido como único dirigente desse processo cria condições para o burocratismo e a corrupção, temas que têm merecido atenção especial do Comitê Central. Esses percalços, disse ele, são combatidos para que não obstaculizem o processo de construção de um Vietnã rico, civilizado, democrático e forte.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

ABGLT critica bancada religiosa fundamentalista no Congresso

A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transsexuais (ABGLT) divulgou nota oficial lamentando a decisão do governo de suspender o kit educativo do projeto Escola Sem Homofobia. "Este episódio infeliz traz à tona uma tendência maléfica crescente e preocupante na sociedade brasileira. O Decreto nº 119-A, de 17 de janeiro de 1890, estabeleceu a definitiva separação entre a Igreja e o Estado, tornando o Brasil um país laico e não confessional. Um princípio básico do estado republicano está sendo ameaçado pela chantagem praticada hoje contra o governo federal pela bancada religiosa fundamentalista e seus apoiadores no Congresso", diz a nota.

Este episódio infeliz, diz a nota, traz à tona uma tendência maléfica crescente e preocupante na sociedade brasileira. O Decreto nº 119-A, de 17 de janeiro de 1890, estabeleceu a definitiva separação entre a Igreja e o Estado, tornando o Brasil um país laico e não confessional. Um princípio básico do estado republicano está sendo ameaçado pela chantagem praticada hoje contra o governo federal pela bancada religiosa fundamentalista e seus apoiadores no Congresso Nacional. O fundamentalismo de qualquer natureza, inclusive o religioso, é um fenômeno maligno atentatório aos princípios da democracia, um retrocesso inaceitável para os direitos humanos.

Os mesmos que queimaram os homossexuais, mulheres e crentes de outras religiões na fogueira da Inquisição na idade média estão nos ceifando no Brasil da atualidade. Segundo dados do Grupo Gay da Bahia, a cada dois dias uma pessoa LGBT é assassinada no Brasil por causa de sua orientação sexual ou identidade de gênero. É preciso que sejam tomadas medidas concretas urgentes para reverter esse quadro, que é uma vergonha internacional para o Brasil.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Entre Marina e Ricupero, rebelo-me, vou de Rebelo

Paulo Vinícius (cientista político)

É absurda a campanha de desconstruir o Aldo. Não há debate. Não há boa fé. O Código é uma incógnita nesse debate, e dá-me vontade de vomitar ouvir o oportunismo de certos defensores da "natureza". Fala sério... A ciumeira do protagonismo de Aldo é evidente, reluz gritante, porque ele de fato fez uma ampla aliança que se assenta sobretudo no setor produtivo, no campo, em milhões de pequenos agricultores e médios. E coloca para a esquerda o debate se devemos criminalizar a agricultura produtiva de grande escala. E, para mim, o inimigo é o capital financeiro.

A maior aliança com o "agronegócio" foi feita por Lula. E ainda que tenha sim críticas ao agronegócio, sou contrário à visão do MST que o demoniza, sem entender que o desenvolvimento agrícola em grande escala, a complementariedade com os setores pequenos, fazem e farão parte do Projeto Nacional de Desenvolvimento no Brasil. Sou contra jogar todo mundo na vala comum, assim como sempre fui solidário ao MST quando se o persegue. Mas eu sou contra mesmo é gringo querer dizer o que o Brasil deve fazer. Isso eu não admito. Mas tem gente que negocia, que coabita, que se locupleta, e que posa de bom moço, até que se evisceram suas podridões e sua sordidez surge, mais cedo ou mais tarde.

Se Aldo tem uma culpa, é essa transparência quixotesca que o vitima: ele encara, faz o que se exige de um parlamentar sério, negocia, transige, busca um meio termo, e foi levando o texto a seguidas alterações visando a criar uma ponte entre o desenvolvimento e a preservação do meio ambiente, de acordo com uma visão nacional, que vê o Brasil como país que tem dentre suas matrizes econômicas a pequena, a média e a grande agricultura. Para impedir-nos de debater o tema, apela-se, cristianiza-se, lapida-se o Aldo. Em vez de um debate, é ao Aldo que se quer destruir. Ouvir de vendidos, aliados do capital financeiro, da CBN, impulsionadores da aliança com a grande propriedade desde a primeira hora - não nos esqueçamos - as barbaridades que se tem dito contra o Aldo é demais.

Cara de pau absurda é o Brasil não aplicar o código florestal existente, editar MPs expedidas pelo nosso governo em favor da agricultura brasileira que o fazem letra morta, e ver pusilânimes do partido da Presidente a assumir um discurso incompatível com suas ações. Mas depois, aposto, por coerência com a realidade, que se impõe, terão de o apoiar, sob pena de entregar nas mãos dos inimigos da agricultura brasileira os destinos do nosso campo.

O Aldo vai lá, põe a cara, e tentam crucificá-lo. Já o abandonaram e o traíram no passado, o ciúme de sua capacidade é público, e não me estranha que sigam a se aliar com o Greenpeace e com o capital financeiro para o achincalhar. Mas seu talento, sua preocupação com o país, sua habilidade, vão movendo obstáculos, apelando ao raciocínio. E mesmo que cometa este ou aquele erro, que se divirja dele, o mérito de sua coragem de enfrentar o debate - que continua após a votação na Câmara, pois o projeto vai ao Senado, ainda passa pela Dilma - é uma demonstração de grandeza que só poderia vir de gente de sua estirpe, desse filho de vaqueiro alagoano que honra o Brasil, e o ama. É uma histeria essa pressão contra o Aldo e sua proposta de Código Florestal. E uma histeria contra o desenvolvimento brasileiro.

E não posso me deixar dirigir nem pelos ambientalistas da CIA nem pelos fanáticos religiosos contrários ao desenvolvimento que tornam o debate impossível com seu falso moralismo. O tema é polêmico mesmo. Mas essa manipulação e o maniqueísmo são inaceitáveis.

E o Ricupero que fique na sua. Pra mim, esse não "ricupera" jamais sua credibilidade. Entre Marina e Ricupero, não me engano, rebelo-me, vou de Rebelo. Não tenho dúvida de que Aldo - a despeito de divergências que são normais - age de boa-fé e preocupado com o Brasil.

domingo, 22 de maio de 2011

NOVO MODELO DE MÍDIA DEMOCRÁTICA – VENEZUELA

A partir de hoje vamos transcrever o artigo de Luciana Lanza e Leo Drumond publicado na revista “Caros Amigos” sobre o desenvolvimento da mídia democrática e revolucionária na Venezuela.

Um dos principais desafios para o desenvolvimento democrático do Brasil, uma das reformas do Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, propostas pelo PCdoB, a reforma da mídia é uma imposição para romper com o monopólio da grande mídia conservadora.

A experiência viva da Venezuela mostra caminhos e formas que estão dando certo, com a marca da participação popular e o apoio do governo revolucionário:

“Em abril de 2002, em meio à tentativa de golpe militar contra o presidente Hugo Chaves, na Venezuela, estimulado pelopoderoso aparato da mídia empresarial conservadora, um dos golpistas chegou a afirmar em um canal de TV: “Felizmente, temos uma grande arma que são os meios de comunicação. Se o povo se der conta, o exército e as forças de segurança não fizeram um só disparo. Nossas armas foram os meios de comunicação.”

A frase serviu de alerta. Ficou evidente que os meios privados tiveram papel decisivo na frustrada manobra golpista. Depois disso, o Governo Chaves deu início a uma experiência inédita na área de comunicação pública, estimulou as redes comunitárias e estatais, criou jornais e revistas, apoiou a formação de comunicadores – o que hoje faz da Venezuela um importante laboratório da comunicação democrática e popular para toda a América Latina.

MEIOS PÚBLICOS

Já em 2003, foi criada a Vive TV, um canal cultural e informativo, bem estruturado, e com a programação focada nos movimento sociais, populares e de classe. E não só programas voltados para o povo, mas, também, programas feitos pelo povo. Como os demais veículos visitados, a Vive investe em capacitação técnica e formação política, pois a consciência da população é a mais alta prioridade da mídia revolucionária. Para a revolução bolivariana é tão necessário incluir as massas na realização dos programas, quanto formar um público crítico.

A Vive emprega quase 800 pessoas; cerca de 500 só em Caracas. Poucas tinham experiência profissional e muitas vieram de movimentos sociais. A formação é feita em oficinas e cursos, onde se trabalha o conceito de produtor integral: todos têm de saber filmar, gravar áudio, editar, etc. É também, uma nova forma de pensar a divisão do trabalho: profissionais cientes e conscientes das etapas do processo e capazes de produzir mais conteúdo e mais relevância com equipes reduzidas.

A Vive alcança 77% do território nacional e 95% da população, em sinal aberto, e já possui seis sucursais no interior do país. Segundo Gabriel Gil, diretor de programação, um dos desafios é a busca de uma linguagem que se contraponha à mídia hegemônica e seja, ao mesmo tempo, interessante e atraente. Com quase oito anos de existência, a Vive tem como meta ampliar o conteúdo regional. O objetivo, em dois anos, é ter sete sinais diferentes no país, recebendo o sinal máster de Caracas, porém com mais programas regionais exibidos localmente.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Ideias avançadas para impulsionar a integração solidária da América Latina

Nesta quinta-feira (19) ocorreu a reunião de trabalho das fundações e escolas dos partidos integrantes do Foro de São Paulo, no âmbito da agenda do evento que se realiza em Manágua, Nicarágua. Aproximadamente trinta participantes representando instituições de dez países participaram do encontro. A reunião foi coordenada por Ioli Ilíada, da Fundação Perseu Abramo, e Francisco Rosales, da Frente Sandinista de Libertação Nacional(FSLN).

Iole Ilíada fez um histórico dessa articulação, que se reuniu pela primeira vez em 2009, no México, por determinação do grupo de trabalho do Foro de São Paulo. A expectativa é que as fundações e escolas contribuam na elaboração de idéias sobre o processo político latino-americano e também troquem experiências sobre o trabalho de formação e capacitação política da militância.

Ela também apresentou a proposta do seminário sobre “Os governos progressistas e de esquerda da América Latina — balanço e perspectivas”. Este evento acontecerá de 30 de junho a 3 de julho na cidade do Rio de Janeiro e está sendo organizado pelas fundações Perseu Abramo e Mauricio Grabois. A proposta teve ampla acolhida pelos presentes.

Orquestra Juvenil Simón Bolivar da Venezuela

quinta-feira, 19 de maio de 2011

O PARÁ É MAIS FORTE E VIÁVEL INTEIRO

1.A Câmara Federal em uma quinta-feira esvaziada aprovou o plebiscito para a divisão do Estado, que foi proposto por parlamentares de outras paragens, e deverá definir o futuro de 7.500.000 paraenses em seis meses. Desse jeito, como sempre, foram tratados os destinos da Amazônia e do Grão Pará desde o Brasil Colônia até nossos dias: à revelia de seus habitantes, sob interesses do capital mercantil ou financeiro, de grandes corporações e de latifundiários, com o beneplácito e conivência das elites locais, antigas e novas. Sintomaticamente, os defensores locais da divisão, velada ou abertamente, pretendem que o plebiscito se restrinja às pretensas áreas, deixando de fora do debate e da decisão a grande maioria dos paraenses.

2.Entendemos que essa é uma questão de extraordinária relevância para ficar restrita à discussão elitista ou localizada, sem o devido aprofundamento e abrangência, que envolva todos, para que todos tenham a consciência do melhor caminho: se o de desenvolvimento e inclusão social das 7.500.000 vidas, que deve ser o objetivo desse processo, ou de uma minoria que busca dividir para reinar. Por outro lado, o plebiscito, apesar dos subterfúgios, se apresenta como uma oportunidade do Pará refletir sobre o seu papel e importância na história política, sócio-econômica e cultural do Brasil e os reflexos de ser um Estado periférico e com riquezas naturais, em um país que na divisão internacional do trabalho ainda exporta prioritariamente matérias primas e insumos.

3.Não é possível falar do Pará descolado do Brasil, assim como de sua divisão sem considerar a concepção e o modelo de desenvolvimento de dependência, devastação e sangria que se mantêm até hoje, e que desenharam a sua geografia de concentração de riquezas, expansão da pobreza e da miséria (o Estado tem aproximadamente 10% dos miseráveis do país), e de insuficiente e débil presença do poder público para a maioria da população, diga-se, em todo seu território.

4.Nesse momento, em que a nível nacional, buscam-se alternativas para o desenvolvimento nacional, com geração de emprego e renda, tendo a União como seu principal promotor e indutor precisamos colocar em pauta a necessidade da integração regional, trabalhando de forma racional e justa as potencialidades existentes, garantindo infra-estruturas e tecnologias que atendam à demanda nacional e as particularidades regionais, gerando riqueza e inclusão social de forma equânime em todo o Brasil.

5.Seguindo esse raciocínio, devemos pensar sobre a importância da Amazônia, e em particular do Pará para o desenvolvimento nacional e vice-versa, considerando o conjunto de suas potencialidades. Ambos são estratégicos. Arriscamos a dizer, para o bem e para o mal, que o Pará representa a Amazônia não só nas riquezas naturais, nas capacidades energéticas, minerais, hídricas, solos férteis e biodiversidade. Mas, como o Estado que sofre os maiores saques, sem contrapartidas; e acolhe imigrações que historicamente forjaram essa diversidade populacional, e uma rica, conflituosa e contraditória experiência de ocupação em solo amazônico. O Pará apesar das adversidades absorveu esse potencial humano em diversas regiões.

6.É inegável que o Pará seja um conjunto de potencialidades distribuídas em seu território que se desenvolvidas de forma integrada geram riquezas para incluir sócio-economicamente toda a sua população e, ainda, contribuir com o desenvolvimento nacional e regional. O que nos leva a refletir por que isso não acontece. Há quem responda que é o tamanho, são as distâncias e o abandono, e nesse sentido, é preciso dividi-lo. Talvez os portadores desse pensamento vejam as árvores não a floresta. Talvez deixem de observar que não são apenas as regiões pretensas à separação que sofrem da ausência do poder público, mas, para não ir muito longe, a grande maioria da população metropolitana que em tese estão próximas ao poder estadual. Talvez não conheçam o Marajó e as dificuldades do nordeste do Estado. No entanto, não estamos aqui para comparar pobrezas e misérias, sim para encontrar suas causas e saná-las.

7.No nosso entendimento, o Pará sofre historicamente pela distorção do desenvolvimento capitalista tardio e concentrado do país, que relegou o Estado a mero fornecedor de matéria-prima mineral e vegetal, insumos e energia, através de grandes projetos; à fronteira agro-pastoril para a monocultura com base no latifúndio; portanto, desindustrializado, com ausência de infra-estrutura e tecnologia que atendam às necessidades de seu desenvolvimento integrado. Nesse sentido, vivemos a lógica do saque, da dependência, da exploração predatória, sem a devida verticalização da produção de riquezas, lógica que permeia todas as possíveis benfeitorias até hoje realizadas. Daí o abandono e o sofrimento para a maioria da população de qualquer região do Estado.

8.O Pará sofre historicamente da ausência de um projeto de desenvolvimento com sustentação ambiental capaz de incluir o seu povo, integrando seus diversos pólos regionais, trabalhando a sinergia de suas riquezas naturais, seu potencial energético, com infra-estruturas e tecnologias apropriadas, agregando riquezas nos inúmeros e diversos produtos regionais, aproveitando e valorizando os recursos humanos, investindo em empreendimentos que de fato gerem empregos e ampliem a renda. Para isso é preciso colocar o aparato estatal a serviço desse desenvolvimento e criar condições para que o Estado possa investir, acoplado ao desenvolvimento nacional.

9.O Pará sofre por, historicamente, ser governado, na grande maioria das vezes, por elites políticas e econômicas sem compromisso com o povo, avessas ao trabalho e à agregação de riquezas, voltadas para o enriquecimento fácil através do patrimonialismo, da pecuária extensiva, do latifúndio, de atividades predatórias e ilegais, da especulação imobiliária, da sonegação de impostos etc. Às vezes aparentam modernidade no discurso, mas são conservadoras na essência e na prática, sem perspectivas de avanço político-sócio-econômico, sem nada de novo. Portanto, na nossa compreensão são principalmente outras as causas que propiciam o infortúnio de milhões de paraenses, além da distância.

10.Por outro lado, é preciso desvendar qual o real interesse das elites defensoras da divisão do Estado, sendo algumas do campo da esquerda, e quais as conseqüências de fato para as populações locais e para o conjunto da população do Pará. Há justeza no que está sendo proposto?

11.As lideranças defensoras da divisão do Pará sempre usaram essa bandeira, com base em elementos da realidade, principalmente nos períodos eleitorais como plataforma política, estimulando disputas regionais e garantia do eleitorado, procurando mostrar que uma região se beneficiava em detrimento da outra, ocultando que os mesmos problemas existiam em todo o Estado. Propagam um sentimento separatista sem aprofundar obviamente sobre as reais causas, mesmo quando infra-estrutura e instrumentos do poder público estadual se instalam na respectiva região.

12.As elites políticas tanto do pretenso “Carajás” como do pretenso ” Tapajós”, não apresentam projetos de desenvolvimento que indiquem a inclusão social de sua população, nem contestam a lógica do saque das riquezas e de atividades predatórias. As bases sociais que de fato representam não estão preocupadas com a verticalização de economia e agregação de valor, com o incentivo à agricultura familiar, e sim com produtos primários para exportação com base no latifúndio. Grande parte da base social dessas elites foi a que mais devastou, mais enriqueceu, mais gerou conflitos pela terra, grilando, expulsando e matando camponeses e suas lideranças.

13.No momento em que se pensa em novos rumos para o Brasil com mais investimentos para a infra-estrutura e o setor produtivo, que se geram milhares de postos de trabalho e os trabalhadores conquistam aumento real de salário, ampliando o poder de compra; que os efeitos dessa política chegam aos rincões do país tirando brasileiros da miséria precisamos refletir sobre os efeitos da divisão do Pará para seu povo e para o Brasil.

14.A divisão do Pará fraciona e enfraquece as diversas potencialidades para um desenvolvimento integrado, ambientalmente sustentado, com inclusão social no Estado; possibilitando maior risco de degradação da natureza. Ao mesmo tempo, o Pará perde o papel estratégico no desenvolvimento nacional, enfraquecendo o poder de pressão que garanta apoio para o seu necessário desenvolvimento; em contrapartida a manutenção do Estado desenvolvido possibilita uma integração mais forte da região Amazônica, sem fracioná-la ainda mais.

15.A divisão do Pará levará ao surgimento de três estados débeis dependentes da verba da União. Segundo o economista Rogério Boueri, do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o custo de manutenção dos dois pretensos estados terá um déficit de R$ 2,16 bilhões por ano, que deve ser coberto pela União, sem computar os altos investimentos na criação de cada estado (construções de edifícios públicos e implantação de infra- estrutura como aeroportos, rodovias etc.). O “Tapajós” gastaria 51% do PIB na máquina pública e o“Carajás” 23%, sendo que a média nacional é de 12,72%. O Pará gastou em 2008, 16%.

16.Por outro lado, o Pará remanescente ficará com 18% do território, 78 municípios e 4,9 milhões de pessoas (64% dos 7,5 milhões) e PIB per capita de R$ 3.958,00; o “Tapajós” com 58% do território, renda per capita de R$ 4.779,00, com potencial mineral no vale do rio Tapajós, província polimetálica, potencial turístico; o “Carajás” com 24% do território, renda per capita de R$ 8.763,00, com minérios, rebanho bovino, hidrelétrica, grandes frigoríficos.

17.Pelo que se deduz o que está em jogo é a vida de 7,5 milhões de paraenses, natos ou por adoção, que perdem com a divisão do Estado, cuja possibilidade de inclusão está no combate à lógica entreguista e predatória que reina no Pará, com a conivência das elites dirigentes, e a tomada de rumo para um projeto de desenvolvimento que gere riquezas para o povo.

18.Com esse entendimento, conclamamos o povo paraense, de todas as regiões, a defender o Pará de mais esse golpe, travar o bom combate pelo NÃO à divisão do Estado: por não resolver os problemas locais, impedir o desenvolvimento, ser oneroso ao país só para favorecer as elites locais, e não possuir justeza na sua intenção.

NÃO À DIVISÃO DO PARÁ!!!

POR UM PROJETO DE DESENVOLVIMENTO COM INCLUSÃO SOCIAL!!!
Belém, 19 de maio de 2011


Érico de Albuquerque Leal
Secretário Político do PCdoB/Pará

“Você tem de saber que tem pais e que eles não te abandonaram”


Paula Logares foi a primeira neta recuperada pelas Avós da Praça de Maio, por meio do exame de DNA. Após um trabalho pessoal quase detetivesco, sua avó Elsa localizou-a em 1982 em poder de um repressor, mas somente em 1987 pode recuperar sua identidade. Ela contou sua história e deixou uma mensagem para outros jovens que foram tirados de seus pais durante a ditadura militar na Argentina.

Paula foi sequestrada aos 23 meses de idade, no dia 18 de maio de 1978, no Uruguai, quando um bando a levou com sua mãe, Monica Grinspon, e seu pai, Claudio Logares. Era um feriado e eles estavam descendo de um ônibus e subindo em outro a caminho do parque Rodó. Paula passou os seis anos seguintes com seus apropriadores: Raquel Teresa Mendiondo e Rubén Lavallén, subcomissário de San Justo. Sua avó, Elsa Pavón, percorreu uma longa jornada todos esses anos para encontra-la. Ela a viu uma vez, quando Paula completou seis anos, mas quando quis voltar a vê-la os Lavallén tinham deixado a casa.

As duas contaram a história nas audiências sobre o plano sistemático de roubo de bebês. Elsa falou durante três horas. A sala inteira chorou, os advogados e três dos quatro juízes do Tribunal Oral Federal 6, mal conseguiam disfarçar a emoção. A mulher falou dessa lógica sinistra do “está aqui” e “não está aqui” que reproduzem as voltas de um carrossel. E enquanto o fazia e revivia cada aparição e desaparição, disse o que respondeu quando estava a ponto de encontrá-la: “E se me disserem finalmente que não é ela, não importa: no outro dia, coloco meus sapatos e começo outra vez”. (Alejandra Dandan – Carta Maior)

Oito militares argentinos foram condenados à prisão perpétua

Quinze presos, quatro deles que seguem desaparecidos, foram assassinados na Argentina, na localidade chaqueña de Margarita Belén, em dezembro de 1976, em uma operação conjunta do Exército e da polícia da província do Chaco, que simulou uma fuga. Na segunda-feira (16), oito militares foram condenados à prisão perpétua, acusados pelos assassinatos. É mais um caso de julgamento de militares acusados de crimes durante a ditadura argentina.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Agricultores familiares cobram defesa de seus interesses no novo Código Florestal

Em protesto em frente ao Congresso Nacional, Grito da Terra reivindica votação que alivie restrições ambientais. Para a Contag, organizadora do ato, debate centrado no interesse dos grandes ruralistas esconde a necessidade de sobrevivência do agricultor familiar. 'Se tiver de reflorestar minha roça, o que é que eu vou fazer para manter minha família, meus quatro filho?', diz manifestante. Segundo IBGE, um quarto da população rural vive na miséria.

Denivam Alves de Souza, de 49 anos, percorreu 1,3 mil km de Verdelândia, cidade de 8,3 mil habitantes do Vale do Jequitinhonha (MG), até Brasília, para estar em frente ao Congresso Nacional na tarde desta terça-feira (17/05). Ele participa do Grito da Terra que a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) realiza há 17 anos para pressionar governo e parlamentares a adotarem políticas favoráveis ao pequeno produtor rural. “Se não viéssemos aqui, ninguém nos ouviria. Só tem os grandes fazendeiros aí dentro”, diz Denivam.

Para agricultores familiares como Denivam, o peso da bancada ruralista, que elegeu um de cada quatro congressistas, está atrapalhando um dos debates mais polêmicos dos últimos tempos: mudar ou não o Código Florestal. Eleita como uma das prioridades do Grito 2011, a votação provocou, na visão da Contag, uma polarização entre ruralistas e ambientalistas que impediria a opinião pública de enxergar com clareza que gente comum - e pobre - também depende da votação. “Quem conhece a realidade do agricultor familiar não fica achando que a gente é desmatador, a gente quer é sobreviver”, disse Nelson Faustino Neto, dirigente da Contag em Cafezal do Sul (PR).

Esse é o argumento principal do segmento familiar, ao reivindicar um Código com menos restrições ambientais. Se as regras atuais significam que fazendeiro que desmata pagará multa, e com isso ele pode desistir da agropecuária e viver de lucro que junta há anos, para o agricultor familiar, que come o que planta, representam uma ameaça à subsistência.

Há cerca de 12 milhões de pessoas dependentes da agricultura familiar no país, segundo censo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2006, apenas sobre o campo. É três vezes mais do que o número de trabalhadores empregados pela agricultura comercial. Das cinco milhões de propriedades rurais identificadas pelo censo, 85% eram familiares.

Segundo o presidente da Contag, Alberto Brochi, a entidade defende que haja “adequações do Código” para atender às “especificidades da agricultura familiar” e não aos “ruralistas que desmataram a Amazônia”.

Além da votação do Código, o Grito da Terra reivindica R$ 1 bilhão para reforma agrária em 2011, ampliação dos recursos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), pelo qual o governo compra produtos dos pequenos produtores, e mudança na Constituição para punir fazendeiro que tem trabalho escravo. A mobilização termina nesta quarta-feira (18/05). (André Barrocal- Carta Maior)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Apagão da mão de obra preocupa 86% dos executivos brasileiros, diz pesquisa

Apenas 14% dos executivos brasileiros não têm problemas ao buscar profissionais qualificados para as vagas disponíveis em suas empresas.

A informação é do Grupo Vistage Brasil, organização internacional de líderes empresariais. O levantamento foi realizado entre os dias 14 de abril e 5 de maio.

De acordo com a pesquisa, a dificuldade de encontrar profissionais qualificados não está nos postos de liderança.

Os empresários entrevistados apontaram que há falta de mão de obra qualificada para todos os níveis de função.

As maiores demandas são para profissionais com formação superior para a área de atuação da empresa (65%), e formação técnica (60%).

“É comum ouvirmos dos participantes que a sua empresa está sem banco de reservas, precisando preparar substitutos”, afirma Antonio Cortese, sócio-gerente da Vistage no Brasil.

Gerentes, gestores e líderes de equipe representam as vagas mais difíceis de serem preenchidas segundo 58% dos executivos.

Supervisores, analistas, coordenadores e especialistas são as vagas mais difíceis de preencher se acordo com 56% dos empresários.

Assistentes e assessores estão em falta para 12% dos empresários, presidentes, vice-presidentes, superintendentes e diretores são procurados por 10% dos executivos e estagiários e treinees só faltam para 2% dos executivos. Outros postos somam 10% das vagas difíceis de preencher.

Cortese explica que a falta de profissionais qualificados gera uma espécie de efeito cascata. “Se uma vaga fica sem o perfil profissional desejado acaba sobrecarregando outros profissionais e outros setores”, conclui.

Grito da Terra em Brasília


Trabalhadores rurais de todo o Brasil reúnem-se nesta terça-feira (17), em Brasília, para a 17ª edição do Grito da Terra Brasil, organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag). A estimativa é que aproximadamente 6 mil pessoas participem dos dois dias de manifestação. Segundo o presidente da entidade, Alberto Broch, o intuito do ato é “melhorar as atuais políticas públicas já existentes para o campo”. (Rede Brasil Atual)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Negros têm de ser prioridade no Brasil sem Miséria, diz ministra da Igualdade Racial


Os negros e os pardos constituem a maioria – 70,8% – da população de 16,2 milhões de miseráveis que o programa Brasil Sem Miséria pretende beneficiar. Para a ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, tal fato deveria levar os mentores do programa, a ser lançado nos próximos dias, a explicitar desde o primeiro instante que seu alvo principal é justamente essa população. A decisão contribuiria para focar as ações, orientar os agentes sociais e atrair negros pobres que “acreditam muito pouco na capacidade do poder público de olhar para sua situação”.

Em entrevista ao Estado, a ministra também defendeu a permanência de cotas raciais nas universidades e a sua extensão a concursos público. Para Luiza, que é socióloga, o Brasil precisa superar tendência de achar natural a pobreza entre negros. “Existe um pressuposto, alimentado pelo racismo, de que os negros são pessoas sem capacidade”, disse.

Nesta sexta-feira, 13, dia do 123.º aniversário da Lei Áurea, que oficialmente pôs fim à escravidão, há situações a lamentar e a comemorar, segundo a ministra. Na primeira categoria está o fato de maioria das pessoas miseráveis, com renda mensal inferior a R$ 70, como definiu o governo, ser constituída por negros. Para comemorar, a constatação de que cada vez mais os negros brasileiros assumem a cor de sua pele, como demonstrou censo demográfico do ano passado.

Sobre o Código Florestal

Como disse o Rebelo a este ansioso blogueiro: por que o Greenpeace não cria um Código Florestal na terra dele, a Holanda ? E a WWF não cria um código em seu país de origem, os Estados Unidos ? O Brasil é o ÚNICO que tem Código Florestal. E os verde-americanos querem transformá-lo em instrumento de restrição à melhor agricultura do mundo. (Paulo Henrique Amorim – Conversa Afiada)

sexta-feira, 13 de maio de 2011

TERRORISMO DE ESTADO

O sítio Rebelión vem de postar vídeo que me foi enviado por Sérgio Barroso. É documento de época, traduzindo mais que os crimes do imperialismo dos EUA, a regressão civilizatória a que está conduzindo o capitalismo. Não deixe de ver. A autoria é do excelente John Pilger.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Governo demotucano: São Paulo não é mais o estado mais rico do Brasil

Os quatrocentões paulistas, que gostam de dizer que o estado é a “locomotiva do Brasil”, não poderão mais usar essa expressão. Segundo pesquisa da Fundação Getulio Vargas, depois de mais de 16 anos de gestão demotucana, São Paulo foi ultrapassado por Santa Catarina e Rio de Janeiro na condição de estado que tem a maior renda média. Por sua vez, no governo Lula, o País conseguiu reduzir a pobreza em 50,64%. A pesquisa também mostra que, de 2002 a 2010, os maiores ganhos reais de renda foram em grupos tradicionalmente excluídos. O Limpinho reproduz texto publicado no Portal G1. O editor deveria estar dormindo quando deixou sair uma matéria dessas.

FGV: Taxa de desigualdade no Brasil atinge mínima histórica


Desigualdade é a menor desde que começou a pesquisa, em 1960

A taxa de desigualdade no Brasil caiu à mínima histórica no final de 2010, segundo estudo divulgado pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (CPS/FGV) na terça-feira, dia 3. Em oito anos – de dezembro de 2002 a dezembro de 2010 –, o País conseguiu reduzir a pobreza em 50,64%, de acordo com a pesquisa “Desigualdade de Renda da Década”.

“Em oito anos, no governo Lula, foi feito o que era previsto para 25 anos, de acordo com a Meta do Milênio da Organização das Nações Unidas, que era reduzir a pobreza em 50% de 1990 até 2015”, ressaltou o economista Marcelo Neri, coordenador do CPS/FGV.

A taxa de desigualdade, medida pelo índice de Gini, ficou em 0,5304 em 2010, a menor desde 1960, quando começou a pesquisa. Quanto mais perto de 1, mais desigual é o país. “Os principais motivos para isso foram, principalmente, a educação e, em menor parte, os programas sociais”, explicou Neri.

Entretanto, o economista diz que, quando comparado com outros países, ainda é “estupidamente alto, porém menor do que antes” o nível de desigualdade no Brasil. “Se é uma má notícia que a nossa desigualdade ainda é alta, a boa notícia é que ela deve cair. O que os dados mostram é que a queda continua”, destacou.

Renda dos mais pobres cresceu mais do que dos mais ricos
De acordo com a pesquisa, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PNAD/IBGE), a renda dos 50% mais pobres no Brasil cresceu 52,59%, entre 2001 e 2009, enquanto a renda dos 10% mais ricos do País cresceu 12,8%. Isso significa dizer que a renda da classe baixa teve crescimento de 311% na comparação com os mais abastados.

Marcelo Neri também destacou conclusões da pesquisa que, para ele, foram inesperadas. “Fiquei muito surpreso com os dados”, disse o economista, ao mostrar que, de 2001 a 2009, os analfabetos obtiveram ganhos de 47%, enquanto quem tem nível superior teve queda de 17% na renda. No mesmo período, as pessoas de cor preta ganharam aumentos na renda de 43%, enquanto os brancos tiveram 21% de alta. Já as mulheres tiveram ganho na renda de 38%, contra 16% dos homens. “O que está ‘bombando’ é o mercado da base: empregadas domésticas, trabalhadores da construção civil, agricultores”, ressaltou, em tom informal, o economista.

São Paulo não é o mais rico e Maranhão, o mais pobre
A pesquisa mostrou que os chamados “grotões” brasileiros estão em alta, já que entre 2001 e 2009 os “maiores ganhos reais de renda foram em grupos tradicionalmente excluídos”. Segundo o estudo, Alagoas é, hoje, o estado com a pior renda média per capita do país. E, no mesmo período, o Maranhão, que era o estado mais pobre, teve ganhos na renda da população de 46%.

Já os estados de Santa Catarina e do Rio de Janeiro passaram São Paulo na condição dos que tem a maior renda média. “A migração do Nordeste para o Sudeste diminuiu bastante, com o inchaço das grandes cidades. O campo está se tornando mais atrativo”, observou Neri.

Em 30 anos, Brasil pode estar equiparado aos EUA
O coordenador da pesquisa explicou que o Brasil ainda “vai demorar uns 30 anos para ter um nível de desigualdade parecido com o dos Estados Unidos”, que, segundo Neri, está em 0,42. “Apesar de a economia brasileira não estar crescendo tanto, a renda dos mais pobres cresce em patamares chineses, enquanto a dos mais ricos está estagnada”, comparou Neri.

Entretanto, para o economista, a tarefa agora é mais complicada. “Vamos ter mais dificuldades para erradicar, pois esta terça parte que falta é o núcleo da pobreza no País”, explicou.

Para a próxima década, Marcelo Neri afirma que é preciso melhorar a qualidade da educação, continuar investindo em programas sociais e realizar obras de saneamento básico. “E é preciso fazer mais com menos recursos, pois não podemos aumentar mais ainda a nossa carga tributária”, acrescentou. (Conversa Afiada)

Campanha de Alfabetização cubana: Um triunfo vigente


Havana, (Prensa Latina) Cuba foi declarada em 1961 primeiro território livre de analfabetismo na América Latina depois de uma campanha, cuja vigência chega hoje como esperança a 26 nações envolvidas em uma cruzada contra a ignorância.

A diretora do Museu Nacional da Campanha de Alfabetização, Luisa Yara Campos, destacou à Prensa Latina o grande mérito da revolução de transformar 69 quartéis em escolas.

Esse passo, comentou, veio junto à necessidade de alfabetizar crianças, adolescentes e jovens, mas existiam poucos professores na nação caribenha.

Daí que o dia 22 abril de 1960 o Comandante em Chefe Fidel Castro, líder da Revolução, convocou estudantes e trabalhadores a se transformarem em mestres voluntários.

Em 26 de setembro de 1960 Fidel Castro anunciou nas Nações Unidas que em Cuba se realizaria uma campanha de alfabetização, que erradicaria o analfabetismo em menos de um ano, recordou a experiente professora.

Esse desafio da nova Cuba -incrível para muitos- não escapou do ódio manifestado contra o Governo Revolucionário pelos Estados Unidos e de imediato apareceram as primeiras vítimas do terrorismo de Estado praticado por Washington, um deles, o alfabetizador Conrado Benítez, assassinado em 5 de janeiro de 1961 com apenas 18 anos de idade, lamentou a historiadora.

Fidel Castro, durante o ato de convenção do quartel Leoncio Vidal na Cidade Escolar Abel Santamaría em Santa Clara em 28 de janeiro 1961, convocou 100 mil estudantes maiores de 13 anos de idade.

Foram mais de 105 mil com uma idade média de 14 a 16 anos, ainda que tinha alguns com idades entre nove e 13 anos, além de dois meninos de sete anos com terceiro grau, acrescentou Campos.

Neste empenho da Revolução participaram 268 mil 420 alfabetizadores, deles 34 mil eram mestres e o resto, donas-de-casa, aposentados, estudantes e trabalhadores, contou Campos.

Ratificou que o verdadeiro protagonista da Campanha de Alfabetização foi o povo, que chegou aos lugares mais intrincados do país, os presídios e até aos barcos de pescadores.

Destacou a solidariedade internacional, pois a Cuba chegaram voluntários da Guatemala, Venezuela, Argentina, Bolívia, Peru, Haiti, França, Itália, Espanha e Estados Unidos.

Um episódio -que faz parte da história da Campanha de Alfabetização- foi a fracassada invasão mercenária à Praia Girón (Baía dos Porcos) em abril de 1961, organizada pelo Governo dos Estados Unidos.

Mas a agressão militar não deteve aquela batalha popular contra a ignorância e a Campanha de Alfabetização seguiu seu curso e pôs a prova o espírito revolucionário de seus protagonistas, ressaltou a especialista.

Prévio ao ataque a Girón (Baía dos Porcos), em 15 de abril de 1961, foram bombardeados os aeroportos de San Antonio de los Baños e Ciudad Libertad com o objetivo de inutilizar a pequena força aérea do país e evitar sua resposta ao desembarque posterior.

Bem perto do segundo aeródromo, nesse mesmo dia, um importante grupo de jovens partiu ao acampamento no qual receberiam um breve treinamento metodológico para realizar sua tarefa educativa.

Eles eram membros do destacamento Conrado Benítez, -cujo nome honrava ao alfabetizador assassinado por contrarrevolucionários- e aqueles jovens saíram quase com o início da batalha em Girón para alfabetizar camponeses iletrados.

Quando os mercenários chegaram à Ciénaga de Zapata estavam ali 30 alfabetizadores em um plano piloto na zona, pois eram parte de um estudo que o governo antecipava para organizar aos 100 mil alunos que Fidel Castro convocou para esta tarefa de caráter nacional.

Durante a invasão, dois deles -um de 14 e outro de 19 anos de idade- foram feitos prisioneiros pelos atacantes que integravam a brigada mercenária organizada e financiada pela Agência Central Inteligência dos Estados Unidos (CIA), afirmou a especialista. A despeito dos duros combates na Praia Girón, a Campanha de Alfabetização continuou seu curso e muitos de seus protagonistas que se encontravam próximos ao lugar estiveram dispostos a mudar seus materiais de ensino por um fuzil, recordou Campos.

Mas a ordem de Fidel Castro foi clara: a campanha alfabetizadora nunca deveria ser interrompida por mais violentos que fossem os combates contra os invasores.

A Campanha cubana de Alfabetização multiplicou sua essência e Cuba participou desde a década dos anos 70 na cruzada de outros povos contra a ignorância.

Daí a presença de professores cubanos na Nicarágua a pedido do presidente Daniel Ortega em seu primeiro mandato e em Angola à solicitação de um pedido do extinto presidente Agostinho Neto.

O exemplo mais recente é a posta em prática em diferentes países dos métodos cubanos de alfabetização "Eu, sim posso" e "Eu, sim posso continuar", que com elementos das cartilhas utilizadas em Cuba em 1961, já beneficiou 26 nações.

Para este fim -prosseguiu Campos- o programa foi dotado com elementos audiovisuais, vocabulário adequado à cada país, e foi traduzido em vários idiomas e línguas originárias.

Hoje assim como em Cuba -assinalou orgulhosa a diretora do Museu Nacional da Campanha de Alfabetização- erradicaram o analfabetismo, Venezuela, segundo país na América Latina, além da Bolívia e Nicarágua.

Combate à inflação não pode excluir crescimento dos salários, afirma Dieese

Por: Vitor Nuzzi, Rede Brasil Atual

A estabilidade monetária é uma conquista importante, mas o país não pode prescindir do crescimento e da distribuição da renda, afirma o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em nota técnica sobre a inflação divulgada nesta terça-feira (10). "Uma política de combate à inflação que ignore a necessidade de crescimento, distribuição de renda, elevação do emprego e dos salários no Brasil pode pôr em risco os avanços conquistados no período recente", diz o instituto.

Na análise, o Dieese observa que as causas da recente elevação da inflação não estão claramente determinadas. "Há um conjunto de situações que, de uma forma ou de outra, pressiona para cima o nível geral de preços." Entre esses fatores, estão alimentos, commodities, aquecimento da demanda, oligopólios, tarifas públicas, preços administrados, inflação mundial e as próprias expectativas criadas no mercado. Assim, os técnicos chamam a atenção para o que chamam de alarmismo, estimulado por alguns dos chamados formadores de opinião.
...
Os técnicos do instituto citam outros custos relacionados à atividade empresarial "que superam em larga medida a falsa questão dos aumentos salariais". Entre esses custos, estão taxas de juros, câmbio, logística, estrutura tributária, preços de commodities, tarifas indexadas de energia elétrica e telecomunicações. Fatores que afetam a competitividade das empresas. "Nesse sentido, há uma enorme variedade de ajustes a serem feitos antes de se chegar aos salários."

Camponeses do Araguaia

Por Paulo Fonteles Filho.

Uma dívida histórica o Brasil têm para com os camponeses dos sertões do Araguaia. Uma dívida reconhecida, cantada em verso e prosa, anunciada pelas mais altas autoridades do país.

Há dois anos uma parafernália palaciana das gentes de Brasília e de Belém pousou na pequena São Domingos do Araguaia e numa manhã clara, densa, houve pedidos de perdão oficial, discursos, lágrimas, bandeiras vermelhas como nunca tinha se visto por aqueles rincões.

Campônios de São Geraldo à Itaipavas, de Boa Vista à Gameleira, da Piçarra à Xambioá, do Tabocão ao Brejo Grande, da Palestina à Santa Izabel, da Santa Cruz à Vila Sucupira e até os que ficam mais distantes, na Serra dos Martírios/Andorinhas foram a aquela antiga currutela onde passavam as tropas de castanheiros que poucos se lembram e que nos anos setenta se viu ocupada por tropas militares.

Todos estavam comovidos e um contentamento que faz furor no povo relampejava pelos olhos agrestes.

Uma festa popular se anunciou na praça da cidade.

Na praça, como nas pequenas cidades do Brasil profundo, fica a igreja matriz e num vento que sopra cintilando romarias reconheceu-se a carne violada do mais brasileiro dos brasileiros.

O ministro por trás dos bigodes não conseguia esconder a emoção. A governadora sob o sol quente suava em bicas e o prefeito era todo sorrisos. Deputados davam tapinhas nas costas e tal.

No centro de tudo estavam Adalgisa com o Frederico, e todos os filhos que por longo tempo ficaram aprisionados na Bacaba. Lá estava o “Beca”, a dona Neuza, viúva de Amaro Lins; os filhos de Maria da Metade, o pessoal da guerra dos Perdidos, a Oneide do “Gringo”, seu Adão e dezenas de lavradores atingidos pelo terrorismo dos estreludos generais que tomaram o país de assalto e sufocaram, por vinte e um anos, as liberdades públicas e a democracia.

Ali, num ato festivo, na vitória da memória sobre o esquecimento, anunciou-se a condição de anistiados políticos e, por conseguinte, a importante reparação econômica para dezenas de camponeses pobres que poderiam, apartir daquele momento, viver uma vida mais digna, sem a miséria geral que insiste fazer morada na vida de milhões de brasileiros.

Acontece que satanás sempre vem a galope.

Os camponeses, quando falam das injustiças da qual foram vítimas, no passado e no presente, dizem que tudo isso é obra do capeta.

Dias depois, como quem enviado por belzebú, a mais infame caricatura de nosso passado repressor, o tristemente famoso Deputado Jair Bolsonaro, toma a tribuna da Câmara dos Deputados e faz um contundente discurso contra o que ele chama de “marginais do Araguaia”.

Ato contínuo, um advogado a soldo das viúvas da cadeira-do-dragão, dá entrada em uma ação civil pública na vigésima - sétima Vara Federal do Rio de Janeiro e o Juíz substituto, José Carlos Zebulum, decide, apenas com recortes de jornais, suspender a reparação econômica dos agora alcunhados de “marginais” pelos Bolsonaros.

Alcunha confirmada por quem jura, de pés juntos e como ofício da profissão, defender a justiça e realizá-la, o próprio Juiz federal, José Carlos Zebulum.

E o diabo dança de coturnos, espalhando a poeira, como dizia meu pai.

Dois anos já se passaram e cinco daqueles que estavam na festa democrática de São Domingos já foram a óbito. Morreram de tristeza.

O último, na Palestina do Pará, em novembro de 2010, num pequeno e mal-equipado hospital público no interior do Pará. Muitos esperam a morte no fundo das redes, como é o caso do já citado Adão, de São Raimundo.


Concordo com o Jurista César Brito, ex-presidente da Seção Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, que o sentido da liminar que suspendeu à reparação dos camponeses está no fato de que os conservadores querem inviabilizar as conquistas que a luta pelo direito à memória e a verdade tem ensejado na vida nacional.

A Comissão da Anistia, com suas caravanas, é expressão deste processo de elevação de nossa vida democrática e a Comissão Nacional da Verdade pode coroar, com êxito, o contencioso de que a história seja revelada para que os lobos não rondem os telhados, com seus punhais, de nossa jovem democracia.

Não pensemos que tais posições, anacrônicas, estão mortas.

Um conjunto de fatores nos ensina que o aprofundamento da vida democrática terá um longo e árduo caminho a percorrer e o reconhecimento daquilo que foi feito contra os pobres do Araguaia é parte desta imensa tarefa, que ajuda a emancipar o Brasil.


Mais do que nunca o satanás precisa ser apeado, seja nos parlamentos, na grande mídia, nos tribunais e na vida pública.

terça-feira, 10 de maio de 2011

9 de Maio de 1945, dia da vitória da URSS sobre a Alemanha nazista - pronunciamento de Josef Stálin à Nação

Camaradas! Compatriotas!

O grande dia da vitória sobre a Alemanha chegou. A Alemanha fascista, derrotada pelo
Exército Vermelho e pelas Forças Aliadas, reconheceu sua derrota e anunciou sua rendição incondicional.

No dia 7 de Maio o documento preliminar da rendição foi assinado na cidade de Rheims. No dia 8 de Maio os representantes da Alemanha, na presença do Alto Comando das Forças Aliadas e do Alto Comando das Forças Armadas Soviéticas, assinaram em Berlim a ata final de rendição, que entrou em vigor a partir da meia-noite do dia 8 de Maio.

Sabendo dos hábitos sujos das autoridades alemãs, que consideram acordos como apenas um pedaço de papel, nós não temos nenhuma base para confiar em suas palavras. Mas, a partir dessa manhã, as tropas alemãs, ao preencherem a ata de rendição, começaram, em escala massiva, a entregar suas armas e suas tropas a nós.
Isso não é apenas um pedaço de papel. Essa é a real rendição das Forças Armadas da Alemanha. Entretanto, um grupo de tropas alemãs na região da Checoslováquia está ainda se recusando a render-se. Mas eu espero que o Exército Vermelho os traga logo à realidade.

Agora nós podemos legitimamente anunciar que o histórico dia da derrota final da Alemanha chegou. O dia da grande vitória da nossa nação sobre o imperialismo alemão.
O grande sacrifício que nós tivemos de suportar em nome da liberdade e da independência da nossa Terra-Mãe, os incontáveis sofrimentos e perdas que nossa nação sofreu durante a guerra, o duro trabalho que tivemos, tanto no front quanto na retaguarda, nós oferecemos ao altar da vitória. Não foi em vão e foi coroada com a completa vitória sobre o inimigo.

A antiga luta das nações eslovacas para sua existência e independência terminou com
vitória sobre os invasores alemães e sobre a tirania alemã.

De agora em diante, acima da Europa voará a grande bandeira de liberdade das nações e paz entre as nações.

Três anos atrás, Hitler anunciou para todo o mundo que entre suas metas estava a desintegração da União Soviética, dilacerando com isso o Cáucaso, a Ucrânia, a Bielorússia, as Nações Bálticas e outras regiões. Ele disse abertamente: "Nós destruiremos a Rússia e ela nunca será capaz de se reerguer outra vez". Isso há três anos. Mas as idéias loucas de Hitler não tiveram nenhuma chance de se tornarem realidade.

O progresso da guerra os destruiu completamente. De fato, a realidade está completamente contrária aos loucos sonhos de Hitler. A Alemanha está destroçada. As tropas alemãs declararam sua rendição. A União Soviética está celebrando vitória, a despeito do fato de resolutamente não querer nem dividir nem destruir a Alemanha.
Camaradas!

A Grande Guerra Patriótica terminou com nossa completa vitória. Os tempos de guerra na Europa chegaram ao fim. O tempo de desenvolvimento pacífico está começando.
Meus caros compatriotas, eu desejo a vocês tudo de melhor com a vitória!

Glória para o nosso heróico Exército Vermelho, que defendeu a independência da nossa terra-mãe e derrotou o inimigo!
Glória para a nossa grande nação, a nação triunfante!
Glória eterna aos heróis que morreram durante a guerra e deram suas vidas para a
liberdade e felicidade de nossa nação!
Josef Stalin

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Ato Público contra a construção de prédio na Orla de Belém que está causando danos estruturais a imóveis do entorno

Devido a várias denúncias recebidas, e depois de averiguação in loco, artistas, moradores e ativistas se reunirão às 8 hs, nesta segunda-feira (9), em frente à Fundação Curro Velho para se manifestar contra as obras de construção de um prédio de 23 andares que tem causado problemas ambientais e patrimoniais na orla da capital paraense.

Mobilizados em conjunto com a Rede Voluntária de Educação Ambiental (REVOLEA), que criou uma rede de ativismo artístico chamado ATIVARTE, o protesto se expressará de forma simbólica contra empreendimentos imobiliários nocivos ao bem estar social. Atores se instalarão na frente do prédio em construção acorrentados com cadeados e transmitirão, via twitican (on-line) ,todo o protesto. A principal crítica é em relação às irregularidades e desvios do interesse público ligados à liberação de licença para a construção de obras inadequadas na área.

O ato será realizado no intuito de informar a opinião pública, e a imprensa, o início da construção, à beira da Baia do Guajará, de um prédio da construtora “Quadra” Engenharia, que está sendo vendido pela “Premium” Incorporadora, situado na Rua Nelson Ribeiro, entre Manoel Evaristo e José Pio, numa área considerada área de marinha, sobre jurisdição da GRPU PA. Foi constatado pela Comissão de Meio Ambiente da OAB, que o prédio não possui a licença ambiental para instalação do empreendimento.

Por outro lado, a licença concedida pela SEURB foi expedida sem as devidas precauções técnicas, podendo representar riscos de desabamento pela inadequação do solo da orla e em confronto com as normas Constitucionais, o Estatuto da Cidade, o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro e o Plano Diretor Urbano de Belém, ficando claro que as autorizações concedidas para a construção desse prédio demonstraram a incapacidade de pensar na gestão municipal à médio e longo prazo, permitindo que os interesses privados do setor imobiliário prevaleçam sobre o interesse público. Esta situação, além dos danos ambientais, se torna ainda mais comprometedora com a descoberta de danos causados as casas ao redor da construção, deixando moradores que hoje integram este ato, preocupados com o futuro de suas casas, não só pelas lesões causados à estrutura mas também em relação ao risco de desabamento do prédio.

CURRO VELHO

Foi denunciado também que a estrutura de fundação do Barracão de Oficinas do Curro Velho, prédio tombado pelo patrimônio histórico, em esfera estadual, teve sua estabilidade comprometida. O prédio apresenta rachaduras com espaçamento de até 2 cm desde que iniciou a construção de fundação da obra do referido prédio, fato que levou a interdição daquele espaço pelo corpo de bombeiros no início deste ano, alarmando mais ainda os moradores do entorno cujos filhos participam de oficinas artísticas no barracão. Em função a todos estes fatos ora relatados a REVOLEA deu início a uma campanha contra o processo de verticalização desordenada da cidade organizando um abaixo assinado a fim de reunir pessoas contra a construção de prédios acima de 3 andares na orla da cidade, para assim acionar a OAB PA de forma conjunta numa ação civil pública para o embargo da obra.

Ato público
Dia 9 de maio de 2011
A partir das 8h
Em frente à Fundação Curro Velho (Rua Nelson Ribeiro)

Para especialistas, criação de Estados é manobra política

Economistas e cientistas políticos avaliam que problema de grandes regiões, como o Pará, é a infraestrutura precária, e não a dimensão

A aprovação pela Câmara de plebiscitos para o desmembramento do Pará e criação de dois novos Estados - Carajás e Tapajós - foi recebida por estudiosos da vida administrativa brasileira como simples manobra para criação de cargos executivos, mais empregos públicos e espaço para troca de favores políticos. "Não vejo como os problemas daquela área seriam mais bem resolvidos com essa providência", resumiu a economista Luciana Gross, da Escola de Administração da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Um dos sérios desafios da região, adverte a economista, "é sua precária estrutura rodoviária e fluvial". E isso não se resolve, acrescenta, "com a construção de mais prédios e instalação0 de novas assembleias, fóruns, secretarias e mais empregos públicos". "Criar um Estado não melhora a capacidade de arrecadar tributos", afirmou.

No mesmo tom, o cientista político Marco Antonio Teixeira, da PUC, diz que a aprovação dos plebiscitos - até pelo modo como foi obtida, numa votação simbólica, numa tarde de quinta-feira, com pouca gente em plenário - aponta para "uma acomodação entre lideranças políticas, para futura troca de favores". O melhor atendimento aos que lá vivem e precisam de ajuda, prossegue o professor, "depende de melhor qualidade de gestão dos recursos públicos, de uma seleção rigorosa de objetivos em que gastar o pouco dinheiro que há".
Ele rejeita a tese de que o Pará é muito grande e regiões distantes ficam abandonadas. "Se Estado pequeno funcionasse melhor, Alagoas ou Sergipe estariam por certo em ótima situação", comparou.

O quadro fica mais grave, segundo Teixeira, "porque essas são áreas com baixa capacidade de arrecadar tributos". Isso permite, segundo ele, prever uma dependência muito grande de repasses federais, situação que não deve mudar no curto prazo. Um breve exemplo: a simples realização dos dois plebiscitos representará um custo acima de R$ 8,5 milhões - um gasto do Tesouro antes mesmo que a criação dos dois esteja aprovada.

Falsa ideia. Um argumento apresentado com ênfase pelos defensores do desmembramento, o de que a separação deu certo nos casos de Tocantins e Mato Grosso do Sul, parece infundada para o professor. "É preciso levar em conta que o País melhorou econômica e socialmente, em sua história recente, e isso ocorreu de forma generalizada. Não dá pra garantir que, no caso desses dois Estados, foi a divisão que os fez progredir."

Luciana Gross reforça essa análise: "Mato Grosso do Sul e Tocantins tinham características geográficas que justificariam uma administração diferenciada. Tocantins, por exemplo, é um lugar muito diferente do Sul, onde está Goiás. Nada disso ocorre no Pará, onde há uma marcante homogeneidade geográfica."
(Gabriel Manzano - O Estado de S.Paulo)

sábado, 7 de maio de 2011

Porque as mães gritam tanto!!!!!!!


FELIZ DIAS DAS MÃES !!!!!!!

CONVITE ATIVIDADE DAS MULHERES

CONVIDAMOS TODAS AS COMPANHEIRAS, MILITANTES DAS DIVERSAS FRENTES DOS

MOVIMENTOS SOCIAIS, PARA PARTICIPAR DE UMA PLENÁRIA DE MULHERES, COM A

PRESENÇA DA CAMARADA LIÈGE ROCHA, SECRETÁRIA NACIONAL DA QUESTÃO DA

MULHER E MEMBRO DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL.

AGUARDAMOS A PRESENÇA DE TODAS!!!!!!

DIA: 11/05 (QUARTA-FEIRA)
HORA: 15H
LOCAL: SEDE DO PCdoB (Av. Conselheiro Furtado, entre Alcindo Cacela e 15 de Março)

“O grau de emancipação das mulheres em uma sociedade
é o termômetro através do qual se mede a emancipação geral”.
Charler Fourrier


Maíra Nogueira
Secretária Estadual de Mulheres PCdoB/PA
(91) 83363361

A execução de Bin Laden: uma vitória de Pirro

A “guerra contra o terror” não possui um inimigo homogêneo representado na figura de Bin Laden como quer fazer-nos acreditar os EUA. Existem diversos grupos que, por compartilharem alguns interesses comuns, estabeleceram alianças estratégicas. Como muitos já alertaram, não é possível carimbar como terror islâmico tudo aquilo que contesta a ocupação militar dos EUA naquela região. Quem será o próximo monstro a ser executado em nome da humanidade? ( Reginaldo Nasser e Marina Mattar Nasser)

Sobre a minha “morte”.

Por Paulo Fonteles Filho.

Ontem, 5 de maio, circulou pelas redes sociais que teriam me assassinado em um bar, junto à minha mulher, em Belém.

A coisa foi tão contundente que jornalistas, amigos, foram até a casa de minha mãe, no bairro do Telégrafo, confirmar se eu havia mesmo sido morto. Houve ligações para o Ciop e até o Secretário de Segurança Pública do Pará, Luís Fernandes, fora acordado de madrugada para confirmar o ocorrido.
E a notícia parece que continua circulando. O Vítor Haôr, jornalista marabaense acaba de me ligar neste momento, às 13:42, perguntando se a macabra notícia era verdadeira. Falei com ele e disse que estava bem, e vivíssimo da silva.

Na alta madrugada, quando dormia candidamente ao lado de minha mulher, irmãos e primos quase derrubaram a porta de meu apartamento e ao me avistarem, sonolento, disseram que eu tinha morrido. Quase morri mesmo, de susto.

O ocorrido poderia render boas gargalhadas, no futuro, se tal acontecimento não fosse de tanto mau-gosto e se a repercussão não tivesse chegado a tão longe: amigos em Macapá e até na distante Porto Alegre já estavam velando-nos.

Acontece que toda essa “papagaiada” tem endereço certo: continuar intimidando-nos.

Não apenas a mim, mas, sobretudo, o trabalho desenvolvido para desnudar os acontecimentos violentos praticados pelas forças de repressão da ditadura militar no combate ao movimento guerrilheiro do Araguaia.
Ontem, no dia de minha “morte”, passei toda a manhã e parte da tarde testemunhando num processo interno da Abin-Pa.

Tal processo versa, dentre outras coisas, sobre possíveis ocultações de cadáveres de desaparecidos políticos e destruição de documentos da ditadura por servidores da Abin-Pa. Tais servidores, Magno José Borges e Armando Souza Dias, são ex-militares, foram do Doi-Codi e atuaram na repressão à Guerrilha do Araguaia. Nos autos do processo quatro servidores da agência confirmam que ambos foram do famigerado Doi-Codi.

Um ex-mateiro daqueles sertões disse-me, à quinze dias atrás, que um tal de Capitão Magno, esse o nome verdadeiro, era quem cortava cabeças e mãos e estas eram enviadas à Belém, nos idos dos anos 70. Cabe dizer que Magno José Borges atualmente é vice-superintendente da Abin-Pa.
Essas denúncias não são novas.

Em 2001, como Vereador de Belém, fui a tribuna da Câmara Municipal tratar do assunto.
Em 2008, o “Diário do Pará”, através do jornalista Ismael Machado fez longa reportagem sobre o caso. Neste mesmo ano, representei ao Ministério Público Federal sobre a questão da Abin-Pa. Está tudo postado em meu blog sobre a chamada “A luta entre o velho e o novo na Abin”, em fevereiro deste ano de 2011.

Lá no Sul do Pará, em São Domingos do Araguaia, meus companheiros também foram acordados com a minha “morte”. Fico sabendo, através de contato telefônico, que no último sábado, 30 de Abril, houve uma reunião de ex-soldados que estão abrindo o que sabem sobre a guerrilha com o representante da direção nacional do PC do B, como eu, no Grupo de Trabalho Tocantins, Sezostrys Alves da Costa em Marabá. E que no dia da reunião, uma caminhonete de vidro fumê, novamente, andou rondando a casa deste companheiro em atitude suspeita.

Sezostrys diz, ainda, que mais pessoas estariam recebendo telefonemas anônimos.
O fato é que mais de dez pessoas estão sob ameaças das viúvas da ditadura militar.


Acontece que desde junho do ano passado temos denunciado a questão.
Tais ameaças já foram informadas ao Ministério da Defesa, ao Ministério da Justiça, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, através da Comissão de Mortos e Desaparecidos e à Policia Federal. Isso sem falar que a própria OAB nacional, onde fizemos reunião semana passada, também informada sobre tais acontecimentos.

A imprensa paraense e nacional já tratou de repercutir o assunto e o PCdoB já fez até nota pedindo providências.
O problema é que até agora nada aconteceu para apurar as coisas, nada, absolutamente nada.

O que causa espécie é que estamos participando de uma investigação federal, no estado democrático de direito, “por dentro” das instituições republicanas e as mesmas instituições, que dizem defender radicalmente à abertura dos arquivos e o achamento dos despojos de desaparecidos políticos, nada fazem para proteger-nos e, por fim, desbaratar os últimos bastiões da repressão política do país.

Se alguma coisa nos acontecer à responsabilidade deve ser, também, imputada à manifesta letargia com que o aparato estatal brasileiro têm tratado as denúncias, que há muito temos feito, sobre as ameaças aos trabalhos de descortinar nossos anos-de-chumbo.