quinta-feira, 19 de maio de 2011

“Você tem de saber que tem pais e que eles não te abandonaram”


Paula Logares foi a primeira neta recuperada pelas Avós da Praça de Maio, por meio do exame de DNA. Após um trabalho pessoal quase detetivesco, sua avó Elsa localizou-a em 1982 em poder de um repressor, mas somente em 1987 pode recuperar sua identidade. Ela contou sua história e deixou uma mensagem para outros jovens que foram tirados de seus pais durante a ditadura militar na Argentina.

Paula foi sequestrada aos 23 meses de idade, no dia 18 de maio de 1978, no Uruguai, quando um bando a levou com sua mãe, Monica Grinspon, e seu pai, Claudio Logares. Era um feriado e eles estavam descendo de um ônibus e subindo em outro a caminho do parque Rodó. Paula passou os seis anos seguintes com seus apropriadores: Raquel Teresa Mendiondo e Rubén Lavallén, subcomissário de San Justo. Sua avó, Elsa Pavón, percorreu uma longa jornada todos esses anos para encontra-la. Ela a viu uma vez, quando Paula completou seis anos, mas quando quis voltar a vê-la os Lavallén tinham deixado a casa.

As duas contaram a história nas audiências sobre o plano sistemático de roubo de bebês. Elsa falou durante três horas. A sala inteira chorou, os advogados e três dos quatro juízes do Tribunal Oral Federal 6, mal conseguiam disfarçar a emoção. A mulher falou dessa lógica sinistra do “está aqui” e “não está aqui” que reproduzem as voltas de um carrossel. E enquanto o fazia e revivia cada aparição e desaparição, disse o que respondeu quando estava a ponto de encontrá-la: “E se me disserem finalmente que não é ela, não importa: no outro dia, coloco meus sapatos e começo outra vez”. (Alejandra Dandan – Carta Maior)

Oito militares argentinos foram condenados à prisão perpétua

Quinze presos, quatro deles que seguem desaparecidos, foram assassinados na Argentina, na localidade chaqueña de Margarita Belén, em dezembro de 1976, em uma operação conjunta do Exército e da polícia da província do Chaco, que simulou uma fuga. Na segunda-feira (16), oito militares foram condenados à prisão perpétua, acusados pelos assassinatos. É mais um caso de julgamento de militares acusados de crimes durante a ditadura argentina.

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