quinta-feira, 1 de julho de 2010

“Quer dizer que o PCdoB apóia a Ana Júlia? huahauha... e dá-lhe incoerência!!!”

Devidamente entre aspas, vi a frase que intitula este post no msn de um amigo. Imediatamente pensei: “vou responder no blog”. Porém, mais do que responder a provocação, pretendo refletir sobre a tal “incoerência” do Partido Comunista do Brasil – PCdoB. Melhor do que justificar a aliança do meu partido com o Partido dos Trabalhadores – PT creio que seja buscar entender porque somos acusados de incoerentes.

Para tentar entendê-la vou me reportar a algumas postagens deste blog em que faço referência ao Governo do Estado. Para tal, recorro ao recurso de marcadores que utilizo no blog desde que adotei nova roupagem. Na coluna à direita o leitor observa que, na história deste blog já foram feitas 40 postagens com cunho político.

Em 2008...

O texto mais antigo que escrevi sobre o Governo do Estado foi em 29 de abril de 2008, durante uma greve dos trabalhadores em Educação, a primeira das três greves que ocorreram durante o Governo Popular. Na ocasião de uma mobilização dos professores, publiquei uma postagem que tinha como título: “Mais de 2000 pessoas no Ato, 3 quarteirões de manifestação, tropa de choque para proteger o governo Ana Júlia e Palhaçada”. Neste texto, faço críticas ao modo como o Governo do Estado se comportava frente à greve dos trabalhadores em Educação, desmobilizando a categoria, dizendo para a sociedade que a greve não tinha força, e chamei de “Palhaçada” a proposta do Governo de 50 reais de vale alimentação. Na época, eu diria: “50 reais não dá nem pra lanchar um ‘compreto’ na esquina”. E não dá mesmo!! Se um lanche completo é R$ 1,50, o mês tem 30 dias, logo gastaríamos R$ 45 por mês para lanchar um completo por dia. Enfim, a greve daquele ano foi marcante, e o Governo abriu brechas para críticas de todos os lados, em um confronto com professores, policiais militares jogaram gás de pimenta e balas de borracha na categoria. A coisa ficaria pior, no dia 14 de maio o Tribunal da Justiça declarou a greve dos trabalhadores em Educação com abusiva. Fiz comentários e críticas ao governo no post “A madrasta do Pará”, termo que o sindicato usava durante aquela greve para se referir à governadora, fazendo referência à Ana Carolina Jatobá que supostamente matara a enteada.

Naquele ano, a greve terminou com os servidores de nível médio tendo reajuste de 10,07% e os de nível superior com 6,5%, e vale alimentação de 100 reais. Pode-se considerar que esta foi uma greve vitoriosa, pois o reajuste foi acima da inflação de 6,1% e nós antes nem pensávamos que teríamos vale-alimentação. Tivemos vitórias, mas críticas devem ser feitas ao governo que mandou polícia pra cima dos Educadores.


Em 2009...

No outro ano, mais uma greve, sem confrontos como a anterior, comentei ela no blog pela primeira vez com a postagem “Para entender a Greve dos profissionais da Educação”, onde explico quais os motivos das reivindicações dos trabalhadores e o porquê da greve. Naquele ano tivemos um achatamento de salário se formos olhar pela perspectiva do salário mínimo, ou seja, ganhávamos cerca de 4% acima do salário mínimo e passamos a receber exatamente um salário mínimo como vencimento base para 20h semanais. (excluindo as gratificações a abonos)

Neste ano, também percebemos que não se conseguiu mobilizar a categoria, e que a greve estava sendo manipulada por dirigentes do PSOL e PSTU para ter o objetivo unicamente de desgastar o Governo Ana Júlia. Nossas reivindicações estavam sendo esquecidas pelas pessoas que dirigiam as assembleias da categoria. Nas falas era claro o esquecimento das bandeiras de luta e compreensão de que não se conquistaria nada além de desgastar o “governo do PT”. Sendo assim, após reunião na escola que eu trabalho, publiquei o texto que foi distribuído como panfleto para a comunidade mosqueirense “Carta Aberta à Comunidade”, explicando a decisão de retornar às aulas, mesmo que a categoria no geral ainda não tenha deliberado para tal, naquele momento sentíamos que o diálogo dos professores com a comunidade deveria ser maior, pois acabaríamos ficando contra a comunidade se não buscássemos o diálogo com a mesma. Cinco dias após, a greve terminou, a base da categoria não acreditava mais no que estava reivindicando, e percebeu que até os dirigentes sindicais, os quais filiados ao PSOL, falavam que o que restara para a categoria naquele momento era desgastar o governo. Parecia que os psolistas estavam com saudade do Jatene. Neste ano houve 6% de reajuste para o nível médio e 7,25% de reajuste para o nível superior, no ano que a inflação atingiu 4,18%. Tivemos ganhos reais, apesar da desmobilização da categoria.

Em 2009 participei também de algumas atividades da Associação dos Concursados do Pará, entidade que luta pela nomeação dos concursados que foram aprovados dentro dos número de vagas abertas em concursos públicos. No dia 23 de agosto de 2009, publiquei o texto: “Sobre a luta da Associação dos Concursados e o Governo Popular”, é importante o leitor ler na íntegra tal texto para entender a opinião e análise que fazemos a respeito das lutas e movimentações sociais necessárias na luta da classe trabalhadora. Chamei de “pseudo-socialistas” alguns militantes que caminham na contramão da história. Elogiei a luta dos concursados e me botei a disposição para compor a vanguarda e a massa que enfrenta as adversidades colocadas pelo governo. Na época publiquei e agora repito o que o Camarada Érico Albuquerque disse em uma reunião com professores da rede pública: “Não é interesse nosso, da CTB e do Partido Comunista do Brasil, que lutamos pelo socialismo, que o Governo Popular dê errado, se este governo der errado, teremos a volta do PSDB, vamos ter Mário Couto, Jatene...e nós não queremos isso! Isso seria um retrocesso na nossa luta, temos sim que fazer que esse governo dê certo, para avançarmos ainda mais, na busca de um governo para o povo”.

Em 2009 a postura do PCdoB já estava clara a favor da luta dos trabalhadores, a luta coerente, que sabe onde quer chegar. Olha a palavra coerente aí! Mas já não admitiríamos o retorno de Simão Jatene ou Almir Gabriel, coisa que militantes do PSOL e PSTU favorecem quando objetivam unicamente desgastar o Governo Popular e usam os trabalhadores como massa de manobra para isso. No fundo eles estão dizendo: “Temos que derrubar esse governo, e trazer o Jatene de volta!”.


Em 2010...

No ano atual escrevi vários textos aqui no meu blog, também foi o ano que a CTB teve oportunidade de crescer dentro da categoria dos trabalhadores em Educação e o próprio PCdoB mostrar sua política e seu pensamento político para os trabalhadores e agregar amigos e simpatizantes.

Primeiro publiquei o texto: “Os técnicos em Educação, sua participação na escola e na luta sindical: a importância para a qualidade do ensino”, escrito pelo Professor Denison Gonçalves e que seria publicado em um informativo da CTB. O texto fala sobre a necessidade de uma relação maior entre o Sintepp e os técnicos em Educação visto a necessidade de debate e aprovação do PCCR da categoria este ano.

Comentei em outro post, quando já se falava em mais uma greve, que devíamos refletir bem a respeito de quando iniciar uma greve, já que em 2009 quem saiu desgastada foi a categoria, e o instrumento de greve. Porém frisei que o momento era de “lutar contra um plano de carreira que seja punitivo e amarre as conquistas futuras da categoria. Lutar por um plano que favoreça a luta por uma educação de qualidade”.

No dia 07 de maio de 2010, no texto “A greve é política?”, comentei sobre a resistência que a greve minha sofrendo entre os trabalhadores, e sobre os rumores (Grandes Rumores) de que se tratava de (mais) uma greve com interesse político-eleitoral do PSOL e PSTU. Neste dia o Projeto de Lei do Governo que aborda o PCCR da Educação foi mandado para a Assembleia Legislativa, na oportunidade em comentei: “A greve é política, mas muita coisa está em jogo, é o momento de promover o debate na base da categoria, muita gente percebe a real intenção da greve, só que não há um que exponha isso a público e o momento de fazer isso vai chegar. Temos que lutar sim! Repito, muita coisa está em jogo! A batalha agora é na ALEPA, com os deputados, e não é por que tem quem se diz trotskysta querendo fazer palanque eleitoral, que vamos perder a oportunidade de conseguir vitórias pra categoria”

Durante a greve, a qual entendemos a sua importância e necessidade, fomos taxados de governistas e de sermos contra a luta dos trabalhadores. A greve nos trouxe vitórias inquestionáveis de vários itens no PCCR. No dia 27 de maio, a CTB compreendendo o progresso nas negociações distribuiu a nota “A greve dos trabalhadores em Educação no Estado do Pará”, afirmando “que deveríamos suspender a greve, mantendo-nos em situação de vigilância, e mobilizados, promovendo assembleias e acompanhando os debates, não permitindo enrolação, deixando claro que, nesse caso retornaríamos com uma greve ainda mais forte e unitária!!!”

E foi o que aconteceu, a greve foi suspensa posteriormente, mas manteve-se o ‘estado de greve’, do qual só se saiu após a aprovação do PCCR pela ALEPA.

Ou seja, se o PCCR não fosse aprovado na ALEPA como a categoria negociou com o Governo, a greve voltaria. Em seguida publiquei o texto: “Com coerência política....”. Olha a tal da “coerência” aí mais uma vez. No texto, falo do passo a frente que a CTB deu, e dos progressos que a luta dos trabalhadores obtiveram. A proposta inicial de PCCR colocada pelo Governo do Estado era péssima, e através da luta unificada dos trabalhadores conseguiu-se relevantes vitórias.

O apoio à Ana Júlia...

No último dia 26, sábado, ocorreu a convenção estadual do PCdoB, e na segunda-feira, dia 28, publiquei o texto: “Partido de Massa, convenção de Massa!!! Viva o PCdoB!!!”, nele eu informo logo ao início que “a convenção serviu para ratificar o projeto eleitoral do PCdoB, apoiando a candidatura da atual Governadora Ana Júlia Carepa para reeleição” Daí, surge a provocação que dá título à este post: “Quer dizer que o PCdoB apóia a Ana Júlia? huahauha... e dá-lhe incoerência!!!”

Então eu pergunto, seria coerente o PCdoB apoiar o tucano Simão Jatene? Seria coerente se ausentar desta eleição, enfraquecer a unidade popular, e favorecer o crescimento dos Tucanos. Os trabalhadores têm saudade do Almir e do Jatene? Abaixo do texto mostro uma tabela que mostra a comparação entre os Governos de Almir, Jatene e Ana Júlia a respeito do reajuste salarial dos trabalhadores. O Governo Popular não tem como recuperar em quatro anos, o que os tucanos afundaram em 12 anos, mas já fez muita coisa melhor.

O PCdoB prima pela coerência e unidade política ao apoiar Ana Júlia, talvez alguns acham que o mais coerente seria lançar um candidato a o Governo e começar a lançar críticas ao PT e Ana Júlia, essa ação beneficiaria apenas o PSDB de Serra, Jatene e companhia.

Aliás, é isso que o PSOL faz, e PSTU também. Lançam farpas no Governo Popular que reestrutura o Estado depois de 12 anos de desgoverno tucano, criticam, desgastam, e não lançam alternativa viável, pois o PSOL lança seu melhor quadro a candidato a Deputado Estadual, Edmilson Rodrigues, passando longe de ser candidato a governo e o PSTU não agrega a sociedade em lugar nenhum.

O PCdoB que participa do Governo Popular desde o início, quando esteve a frente da Secretaria da Justiça, à transformou em Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SEJUDH) e, com Socorro Gomes à frente, fez um excelente trabalho, transformando a Secretaria num instrumento do Povo na conquista pelos seus direitos, direitos da mulher, dos negros, dos homossexuais, e de todos os trabalhadores em geral. Quando estivemos à frente da SEEL, levantamos aquela secretaria que estava sucateada, e a colocamos em destaque, participando e apoiando as principais competições e programas sociais esportivos do Estado do Pará.

O PCdoB é ciente dos problemas que teve e tem o Governo Ana Júlia e no que este precisa melhorar, mas é ciente também, de que o retorno do PSDB agora seria desastroso!

O que acontece, é que o PCdoB, tem uma empatia forte com o povo, a classe trabalhadora se identifica com o Partido Comunista do Brasil, que cresce a cada dia. Talvez alguns trabalhadores, não tenham tanta simpatia assim ao governo do PT, e com certeza não querem a volta dos Tucanos. O que adianta ter grandes obras para a burguesia como a Estação das Docas e não ter políticas para a classe trabalhadora?

O PCdoB entende que existem dois caminhos a seguir no atual momento político no Pará. O caminho da reeleição do Governo Popular, continuando o progresso que o atual governo começou em 2007, e o caminho do retrocesso ao governo tucano, que fez os trabalhadores viverem 12 anos sem ganhos reais no salário, privatizou estatais e endividou o Estado. Não existe terceira via! Se existisse qual seria? O PMDB de Jáder Barbalho? O político mais corrupto que o Pará já viu? O PCdoB está do lado do Governo Popular sim! Por entender e conseguir compreender a correlação de forças do momento.

Do Blog do Prof. Nairo Bentes

Membro do Comitê Municipal de Belém do PCdoB

2 comentários:

Anônimo disse...

engraçado esse pessoal do PSOL, imaginem vocês, no Amapá, o existe uma chapa composta da seguinte forma, Governador: Lucas Barreto (PTB), Senadores, Gilvam Borges(PMDB) e adivihem quem completa a chapa Randolfe Rodrigues do PSOL, aqui não pode apoiar candidatura do PT, mais apoia candidatura do PTB do Collor e do PMDB do Sarney pode, santa incoerencia

alain disse...

SEJAMOS HONESTOS. QUE PROGRESSO TEVE O POVO DO PARÁ NESTES QUASE 4 ANOS DE GOVERNO DO PT? O PPCdo DEVERIA SER HONESTO COM O POVO DO PARÁ COMO O PSOL, E DIZER CLARAMENTE QUE NEM ANA JÚLIA NEM JATENE SERVEM PARA O PARÁ. OU VC JÁ ESQUECEU DAS MANICURES, DOS AFILHADOS, DOS pUTYS, DOS AVIÕES.É ISSO QUE O PCdoB DEFENDE?