sábado, 7 de agosto de 2010

Drummond é saudado como "um dos maiores poetas do mundo" na Flip

Ferreira Gullar participou da leitura do primeiro livro de Carlos Drummond de Andrade na Flip; na foto, o poeta no Festival da Mantiqueira (30/05/2010)

No lugar do músico Lou Reed, que cancelou sua participação na Festa Literária de Paraty, quatro poetas brasileiros foram convocados para ler “Alguma Poesia”, o primeiro livro de Carlos Drummond de Andrade, publicado há 80 anos.O livro foi lido no palco principal da Flip por Antonio Cícero, Chacal, Ferreira Gullar e Eucanaã Ferraz. Poema a poema, os versos de Drummond foram ouvidos por uma platéia atenta, que aplaudia e ria dos versos mais conhecidos da obra.Antonio Cícero classificou Drummond como “um dos maiores poetas do mundo”, no que contou com o apoio de Gullar. “Concordo com Cícero: é um dos maiores poetas do mundo”.

O escritor Carlos Drummond de Andrade, saudado como "um dos maiores poetas do mundo" na Flip em Paraty.
A leitura do livro foi interrompida brevemente, em quatro momentos, para depoimentos dos poetas sobre Drummond. “Era muito bom viver na época em que vivia um poeta como Drummond”, disse Cícero. “E é muito bom viver na época em que vive um poeta como Gullar”, completou, sendo muito aplaudido. “Não pode aplaudir uma coisa dessas”, respondeu Gullar.“Alguma Poesia” ganhou este ano uma edição comemorativa, do Instituto Moreira Salles, que reproduz em fac-símile o exemplar de Drummond, anotado, da primeira edição do livro. Os célebres versos de “No Meio do Caminho” (“no meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho”) foram lidos em coro pelos quatro poetas. A mesma coisa com “Quadrilha".Gullar contou que quando começou a ler Drummond ainda cometia versos parnasianos. “Foi o primeiro poeta moderno que li. Em vez de falar de um mundo idealizado, falava das coisas da vida”, disse.Chacal disse que, por conta de suas afinidades com outros poetas, na década de 70, demorou para deixar Drummond entrar na sua vida. “Mal sabia eu que por trás daqueles óculos havia um poeta muito bom de falar. Falava uma misteriosa língua que vinha de algum lugar, como um livro do Gullar. Rimou? Deixa rimar”.Ferraz, que apresenta a nova edição de “Alguma Poesia”, defendeu Drummond como “um contemporâneo da gente”. E foi além: “‘Alguma Poesia’ é superatual. Não perdemos o que há de essencial: a graça, a ironia. É um poeta extremamente moderno, jovem, que continua escrevendo livros”.Ao final, Drummond e seus quatro intérpretes foram aplaudidos de pé.

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