sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Grande mídia ignora greve de fome de mapuches chilenos
Ainda hoje a nossa mídia de referência (também conhecida como grande mídia, mídia hegemônica, mídia golpista) ecoa comentários raivosos contra o governo cubano ao abordar a greve de fome realizada por alguns presos da Ilha, soltos recentemente. A conduta desses meios de comunicação em relação à greve de fome dos índios mapuches chilenos, que rola há 53 dias, é bem diferente.
A coordenadora de familiares dos 32 mapuches presos advertiu para o agravamento do estado de saúde dos indígenas, alguns já com risco vital. Segundo a porta-voz dos familiares, María Tracal, os grevistas se encontram em fase crítica, evidenciada pela perda de tecido muscular e o enfraquecimento de órgãos vitais como os pulmões, os rins, o coração e o fígado.
Os mapuches lutam ininterruptamente contra os latifundiários, exigindo que saiam imediatamente de seus territórios. Esses indígenas são povos concentrados principalmente nas regiões centro-sul do Chile e no Sudeste da Argentina. São historicamente perseguidos e reprimidos e hoje representam cerca de 900 mil habitantes.
Durante os anos 1990, eles se notabilizaram por deflagrar inúmeros protestos contra empresas florestais e proprietários agrícolas. As terras em luta são caracterizadas pela alta fertilidade, sobretudo as de Bío Bío e Araucanía, atualmente infestadas de plantações de pinheiros e eucaliptos, no qual prepondera a monocultura e, sendo assim, prejudica o ecossistema de quem depende das tais terras.
O Estado chileno, por seu turno, não poupa esforços na repressão aos indígenas, que necessitam das terras para sobreviver. Mas, em defesa da propriedade privada, as autoridades alegam que a repressão é necessária para que "não se crie problemas para a economia regional".
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