quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Produção de Palma de Óleo: uma oportunidade de desenvolvimento para a Amazônia



Aparentemente, a produção de palma de óleo é “um grande negócio” para o Brasil. “Aparentemente” porque há incertezas em relação a este programa dada a experiência de outros países. A questão principal está vinculada aos passivos ambientais.

No início de maio, o Governo Federal lançou no Pará o “Programa de Produção Sustentável de Palma de Óleo”, produto também conhecido pelos brasileiros como dendê, ingrediente característico da culinária baiana. Extraído do fruto da palma, o óleo é hoje o mais utilizado pela indústria alimentícia em todo o mundo (estimativas indicam que metade dos alimentos transformados contém óleo de palma), sendo também empregado na produção de cosméticos, produtos de higiene e agrocombustíveis. Nos últimos 40 anos, a área plantada mundial octuplicou, alcançando 12 milhões de hectares, sendo que Indonésia e Malásia, principais produtores mundiais, viram sua produção ser multiplicada, respectivamente, por 23 e 5.

O consumo mundial saltou de 17 para 45 milhões de toneladas entre 1998 e 2009, e projeta-se uma expansão do dobro da produção atual até 2020. No Brasil são cerca de 70 mil hectares cultivados (0,5% da produção mundial), concentrados sobretudo no Pará, os quais não asseguram produção suficiente para o consumo das indústrias nacionais. Em 2008, 63% do óleo consumido no país foi importado, um crescimento de 45% em relação a 2003.

Mas qual é a razão para esta euforia mundial em torno da palma de óleo? O baixo custo de produção e a elevada produtividade da planta são os principais atrativos. Do ponto de vista alimentar e nutricional tem sido ressaltada a riqueza do óleo em termos de vitamina A e E. Todavia, há controvérsias sobre as gorduras trans e saturada e seus efeitos negativos à saúde (a rede de supermercados francesa Casino anunciou neste ano a retirada do óleo de palma dos produtos de elaboração própria). Mais recentemente é a geração de bioenergia e agrocombustíveis que tem estimulado o interesse mundial, ainda que, por hora, esse seja o destino de apenas 10% da produção mundial. Com efeito, enquanto a palma pode produzir cerca de 5.000 kg de óleo por hectare, o girassol e a colza produzem 1.000 kg, e a soja 500 kg.

No mesmo momento em que o Governo Federal lançou o Programa, a Petrobras anunciou a implantação de dois projetos de produção de agrocombustíveis a partir da palma de óleo: o Biodiesel Pará e o Projeto Belém. O primeiro prevê a implantação de uma usina de biodiesel no Pará, com capacidade de produzir 120 milhões de litros de biodiesel por ano.

Serão aplicados R$ 330 milhões, sendo R$ 237 milhões na área agrícola e R$ 93 milhões na industrial, contemplando a instalação de dois complexos industriais de extração de óleo de palma, incluindo esmagadoras e unidade de cogeração de energia elétrica. O segundo é um projeto de produção de biodiesel em Portugal em parceria com a Galp Energia. Visando o mercado ibérico, projeta-se uma produção de 250 mil toneladas de biodiesel por ano, com um investimento total de R$ 1.117 milhões, sendo R$ 554 milhões no Brasil, para a produção de 300 mil toneladas de óleo de palma por ano, e R$ 463 milhões em Portugal, para a implantação de uma unidade industrial de biodiesel.

Ainda no que diz respeito à inserção da agricultura familiar, o programa prevê a participação imediata de 900 unidades familiares através do sistema de integração com as empresas do setor (com previsão de atingir 13 mil agricultores familiares até 2014) e de 300 médios e grandes produtores. (Por Catia Grisa)

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