O camarada Alan Pereira escreveu um artigo sobre a não permissão da China para que Lio Xiaobo, preso por subversão, recebesse o Nobel da Paz, com a justificativa que “A entrega do Nobel da Paz a Lio é uma conspiração do Ocidente para minar a autoridade do governo chinês”.
É um tema oportuno para o debate.
Penso que é preciso relativizar uma questão como essa. Não dá para examinar de forma simplista questão tão complexa. O marxismo nos ensina que para analisarmos cada fato ou acontecimento é preciso condicioná-lo historicamente e sempre fazer a pergunta : “a quem serve?”.
É sabido que a premiação de Nobel da Paz tem um forte conteúdo político. Que paz devemos defender? A paz que interessa os dominadores é a mesma que interessa aos dominados? Quais os critérios utilizados para definir os indicados e ganhadores do Nobel?
Por exemplo, conferir Nobel da Paz para Barack Obama, em 2009, foi um absurdo. O homem que está à frente da maior máquina de guerra do mundo, que defende e mantém a invasão no Iraque e Afeganistão que tem assassinado milhões de inocentes, que aprovou a reorganização da Vª Frota que ameaça os países da América do Sul, que propõem um orçamento militar para os EUA de quase um trilhão de dólares, ser considerado um lutador pela paz mundial é realmente forçar a barra... A quem serviu essa premiação?
Conferir o título de Nobel da Paz a um Dalai Lama como um “santo homem que luta pela independência do Tibet”, também, não deixou de ser uma certa provocação à China. Dalai Lama que defendeu a invasão do Iraque e do Afeganistão como “algo benéfico” “para libertar o povo”, que deseja restaurar seu império feudo-teocrático no Tibet. É só ver como era o Tibet antes de 1959 (Revolução Chineza). O país não tinha luz elétrica nem escolas laicas; 90% dos tibetanos viviam na servidão; servos trabalhavam 16 a 18 hrs por dia com arados de madeira. Tinham que prestar trabalho de graça (ulag) a seus donos, que eram os nobres e os monges dos mosteiros. 5% da população era de escravos que viviam ainda pior. Há o caso relatado de 3 monges que eram escravos e fugiram da opressão do “Mosteiro Sera” . Foram capturados, encarcerados, tiveram os olhos arrancados e o nariz cortado. A quem serviu essa premiação?
Porque não conferem o título a um dos 5 presos políticos cubanos nos EUA. Ou a própria Cuba que mesmo com as limitações envia milhares de médicos para auxiliar os países pobres. Com certeza isso nunca acontecerá.
Por essas e outras é que é preciso um olhar mais crítico às razões de conferir o título de campeão da Paz a uma ou outra pessoa.
(Marcos Panzera- Secretário de Organização PCdoB-Belém)
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