segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

As campanhas salariais dos últimos anos vêm aumentando a participação do trabalho na renda nacional

Crescimento econômico e inflação sob controle costumam ser ingredientes que, aliados a alguma dose de mobilização, garantem resultados positivos em uma campanha salarial. Não é à toa que nos últimos anos, segundo levantamento do Dieese, a maioria das categorias profissionais pesquisadas conquistou reajuste igual ou acima da inflação medida pelo INPC-IBGE – só no primeiro semestre deste ano, isso ocorreu com 97% das negociações salariais.

Apesar desse desempenho, é imprudente afirmar que o trabalhador brasileiro é bem remunerado. Ao apresentar este ano um estudo sobre o tema, o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, observou que a participação dos salários na renda é um indicador do desenvolvimento do país.

No período mais recente, o Brasil combinou positivamente redução no grau de desigualdade da renda pessoal e elevação da participação dos rendimentos do trabalho na riqueza nacional.

No período 2008-2009, a participação do trabalho na renda nacional atingiu 43,6% – dez anos antes era de 40%. Para uma década, pode parecer uma evolução pequena. A questão é que ela representa uma mudança de curso, já que essa proporção vinha caindo gradativamente desde os anos 1970, depois de, no intervalo 1959-1960, ter chegado a 56,6%.

No mercado formal, o salário médio apurado (R$ 1.595,22) avançou 2,51% em termos reais no ano passado em relação a 2008, segundo a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego. Mas as variações são grandes: o salário médio chegou a R$ 3.445,06 no Distrito Federal e a R$ 1.130,31 na Paraíba.

Depois de um primeiro semestre positivo, o segundo começou com o acordo dos metalúrgicos que, no caso das montadoras do ABC paulista, aprovaram reajuste de 9% na data-base (1º de setembro), 1,66% de resíduo referente a 2009 – totalizando 10,81% – e abono no valor de R$ 2.200. Bem acima da inflação acumulada no período (4,29%).

Os bancários, após 15 dias de greve, assinaram acordo nacional prevendo reajuste de 7,5%, que embute aumento real de 3,08% – para salários acima de R$ 5.250, o aumento seria de R$ 393,75 fixos ou no mínimo 4,29%, o que fosse mais vantajoso (no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal, que empregam cerca de 190 mil pessoas, os 7,5% foram para todas as faixas). Para o piso, o aumento foi de 16,33%, com 11,54% de aumento real. O acordo também incluiu a participação nos lucros ou resultados (PLR).

O Dieese estima que os reajustes para os salários dos próximos 12 meses mais a PLR dos bancários, cerca de 470 mil em todo o país, representarão o ingresso de R$ 6,1 bilhões na economia do país. (Por: Vitor Nuzzi, Rede Brasil Atual )

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