quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Dilemas do Governo Dilma

Walter Sorrentino

O governo Dilma está no tempo infinitivo; representa uma ação, mas ainda não completou a gramática do tempo, modo, aspecto, número e pessoa. Foi composta uma agenda do governo (veja aqui o blog de Renato Rabelo analisando a mensagem de Dilma ao Congresso: http://migre.me/3PIjB ), e um novo estilo da presidente.

Há forte disputa conservadora sobre o rumo do governo, expresso na toada de comparar Dilma e Lula, enaltecendo-a desmedidamente perante o antecessor.

Por baixo do pano, o jogo é outro: valorizar ajuste fiscal, o combate à inflação pelos meios correntes e estreitos dos juros altos, câmbio solto na flutuação, política externa de realinhamento com EUA. Financial Times e Estadão são mestres nisso… é a lua de fel com Dilma.

A agenda Dilma pode ter êxito. Mas dependerá de uma equação macroeconômica mais corajosa, para afirmar uma onda de investimentos inédita. No plano político, PT domina a cena do governo, já provocando descontentamentos vários e preocupantes pelo quase-monopólio político.

A questão central, não enfrentada todavia, mas estratégica para o êxito dessa agenda, é a constituição de um núcleo programático sólido no centro do governo, com forças político-partidárias, setores e lideranças avançados. Só assim se pode dar governabilidade ampla ao governo Dilma, sem perder o rumo.

Por ora, apenas o PT está posto nesse núcleo. Não basta. Será preciso instá-lo, e igualmente o governo Dilma, para cumprir papel mais de liderança que de força. A esquerda deve ter maior papel nesse processo, junto às forças sociais populares em sustentação da agenda do governo. (blog do Sorrentino)

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