sábado, 26 de fevereiro de 2011

Gonzaguinha e a luta dessa juventude que segue em frente


Há trinta anos um acidente de carro tirou Gonzaguinha (1945-1991) do convívio dos brasileiros mas sua música continua inspirando mentes e corações

Por José Carlos Ruy

Um acidente de carro ocorrido em Renascença, interior do Paraná, em 29 de abril de 1991, tirou do convívio dos brasileiros um dos compositores que havia se destacado, desde o inicio da carreira, na resistência à ditadura militar. Tinha 45 anos de idade e trazia, no nome, uma lenda – Luiz Gonzaga – e, no coração, a forte ligação com o povo. Era Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, o Gonzaguinha, filho do rei do baião e da cantora do Dancing Brasil, Odaléia Guedes dos Santos.

"Venho de Odaléia, uma profissional daquelas que furam cartão e de vez em quando sobem no palco; ela cruzou com meu pai e de repente eu vim", disse um dia.

Mal conheceu os pais na infância: perdeu a mãe quanto tinha dois anos de idade, e foi criado pelos padrinhos Dina e Xavier, que viviam no Rio de Janeiro, entre as calçadas de Copacabana e o morro de São Carlos. Só passou a conviver com o pai aos 16 anos de idade quando foi morar com ele para poder estudar.

Foi autor de uma série de canções que ecoam a resistência democrática, a luta pela anistia, a conquista de um Brasil dos brasileiros e para os brasileiros. O duro aprendizado das ruas e da luta pela vida (desde pequeno ganhava alguns trocados carregando sacolas nas feiras, por exemplo) inspirou canções que ficaram no coração do povo e também nos arquivos da censura.

Desde o inicio, com o sucesso de Comportamento Geral (1973), era um dos principais alvos dos homens da tesoura. Em uma ocasião, no inicio dos anos 70, submeteu ao DOPS (Departamento de Ordem Pública e Social) 72 canções das quais 54 foram proibidas, entre elas Comportamento Geral.

Pioneiro em turnês independentes pelo Brasil, descobriu a importância da obra do pai, e o reconhecimento popular que ela tinha – descoberta comemorada com um show memorável de 1981, "Vida de Viajante", que representou o reencontro destes dois gigantes da música brasileira.

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