domingo, 20 de fevereiro de 2011

Obra-mãe da literatura russa

Renato Pompeu

Três das mais importantes e mais bem-acabadas pequenas obras-primas da literatura russa, os contos de Nikolai Gógol (1809-1852) O Capote, O Nariz e Diário de um Louco, foram reimpressas e reunidas no volume O Capote e Outras Histórias, muito bem traduzidas, diretamente do russo, por Paulo Bezerra (tradicionalmente, as edições brasileiras de ficção russa eram feitas a partir da tradução francesa).

Perfeito na forma e no conteúdo, o conto O Capote foi considerado por ninguém menos que o escritor Fiódor Dostoievski como a obra inaugural da grande literatura russa.

Um pequeno funcionário de repartição do império russo aparece com um vistoso casaco, e o episódio serve para Gógol retratar as incongruências da tão rigorosamente estamental sociedade russa, um senso de rígida hierarquização entre as pessoas que atravessou o czarismo, o comunismo e chega até a Rússia de Vladimir Putin.

Em O Nariz, um nariz chamativo adquire vida própria e Diário de um Louco impressiona pela precisão quase psiquiátrica com que Gógol descreve a doença mental. Completam o livro duas narrativas menos conhecidas do autor, referentes ao folclore ucraniano, Noite de Natal
e Viy.

Nenhum comentário: