segunda-feira, 14 de março de 2011

DEM elege novo presidente e tenta evitar fim após saída de Kassab

José Agripino é candidato único na convenção marcada para terça-feira, em Brasília. Senador trabalha contra debandada na sigla.

O DEM realiza, nesta terça-feira em Brasília, a convenção que trocará o comando do partido e tentará salvar a sigla que já deteve a maior bancada na Câmara dos Deputados e ficou por oito anos na Vice-Presidência da República (1995-2002).

O senador José Agripino (DEM-RN) é o candidato único a presidente, mas não será o personagem principal do evento. Todos os olhos se voltarão para o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que deverá deixar a sigla e levar aliados com ele.

É por isso que partidos da oposição e, principalmente, da base governista acompanham o desfecho da história. Haverá repercussão direta nas eleições de 2012, para prefeitos e vereadores, e de 2014, para deputados, senadores, governadores e presidente da República.

O senador José Agripino (DEM-RN) é o candidato único a presidente, mas não será o personagem principal da convenção do DEM

“Não quero falar de Kassab agora. Só depois da convenção”, afirma Agripino. Nos bastidores, o senador trabalha para evitar uma debandada no partido. Não se sabe ao certo quem fica ou quem vai para o partido que o prefeito paulistano planeja criar, o PDB.

O pior já foi evitado. Após a eleição de outubro passado, Kassab defendeu a fusão do DEM com o PMDB. Teve o apoio do ex-senador Jorge Bornhausen (SC), um dos fundadores do partido para aderir à candidatura indireta de Tancredo Neves (PMDB) à Presidência da República em 1985.

O atual presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), se colocou contra Kassab e Bornhausen. Eles também tiveram o apoio dos deputados federais Antônio Carlos Magalhães Neto (BA) e Ronaldo Caiado (GO), que deram duras declarações via Twitter.
Kassab e Bornhausen tiveram de recuar e passaram a defender a saída de Maia como contrapartida. José Agripino acabou surgindo como solução. O problema é que Bornhausen passou a achar que não poderia ter o senador como aliado e lançou Marco Maciel (PE).

A prévia para convenção, então, passou a ser a disputa pela liderança do partido na Câmara. O grupo de Maia e Agripino lançou ACM Neto. Já Bornhausen e Kassab colocaram Marcos Montes (DEM-MG).

De olho no apoio do DEM para a disputa da Presidência da República em 2014, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) interveio e pediu para Montes deixar de concorrer. O tucano aposta suas fichas contra Kassab, aliado de José Serra em 2010. Aécio vê grupo de Agripino maior possibilidade de aliança.

O grupo de Bornhausen não desistiu e lançou Eduardo Sciarra (DEM-PR). Ele acabou derrotado por ACM Neto. A vitória serviu de prévia para convenção e forçou um acordo de Bornhausen e Kassab com o grupo de Agripino, Neto e Maia.

O acordo, porém, não significou em um armistício completo. Nos bastidores, Kassab trabalha para convencer aliados a ir para o PDB. Nas últimas semanas, aconteceu um revés importante: aliado de Bornhausen, o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, anunciou que fica no DEM.

Disposta a migrar para outra sigla, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) também disse que “daria um voto de confiança” para Agripino. Contudo, o iG ouviu de dois dirigentes do DEM que o caminho dela deve ser o PMDB. Segundo a assessoria de imprensa de Kátia, a senadora considera “todas as possibilidades”. A saída da sigla pela qual foi eleita pode resultar na perda do mandato na Justiça Eleitoral.

É nesse temor que o grupo de Agripino aposta para evitar uma debandada do partido. No entanto, é só uma aposta até agora. Hoje, o DEM tem 43 deputados federais (apenas quinta maior bancada). No Senado, detinha 14 senadores até o fim de 2010. Agora, tem só cinco senadores. (*Adriano Ceolin, iG Brasília )

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