quarta-feira, 2 de maio de 2012

Investir em educação gera remuneração melhor

Voltar para a sala de aula. Essa é a forma que muitos brasileiros com emprego fixo encontraram para alcançar novos cargos e, com isso, aumentar a renda. Dividindo o tempo entre trabalho e estudo, o esforço tem recompensa: maior competitividade no mercado de trabalho, maior probabilidade de ganhar melhores salários e ascensão social.

A facilidade de voltar a estudar também motiva esse retorno. Programas do Governo Federal, como o Prouni e o FIES; bolsas de estudos fornecidas por projetos de intercâmbio como “Ciências sem Fronteira”; agências de fomento como CNPq, Capes, e outras instituições de ensino dentro e fora do Brasil trazem novas perspectivas.

No setor privado, a concorrência entre as faculdades particulares só faz crescer o número de cursos de graduação e pós-graduação, presencial ou à distância, com preços acessíveis.

E não para por aí. As empresas privadas também estão ajudando, ou melhor, investindo em funcionários que buscam mais conhecimento. A Hydro Alunorte, por exemplo, proporciona dois importantes benefícios aos empregados que pretendem seguir carreira na refinaria de alumina: o reembolso de curso superior e a bolsa de curso técnico profissionalizante. Atualmente quase 300 empregados recebem o incentivo da empresa para investir na qualificação profissional. “A empresa entra com uma parte das despesas e o empregado com outra. Esta é uma forma de incentivar os estudos de quem quer seguir carreira na fábrica. É uma forma de qualificar nossos empregados e trazer à empresa uma mão de obra especializada”, explica Cilene Sousa, consultora de RH da Hydro Alunorte.

O benefício se estende, também, ao empregado interessado em cursos técnicos nas áreas de segurança do trabalho, mecânica, eletromecânica, eletrotécnica, automação, química e metalurgia. A refinaria disponibiliza 100 bolsas com subsídio de 70% do valor do curso. A empresa pode liberar até duas bolsas, uma sendo para o empregado e outra para alguém da família, incluindo filhos de até 24 anos de idade.

O eletricista instrumentista, Claudinei dos Santos Matos, voltou para a sala de aula há um ano para cursar Engenharia de Produção. O incentivo dado pela empresa ajudou na decisão de voltar a estudar. “Foi mais um motivo pra eu tentar me formar em um curso superior. Eu quero concluir o curso e tentar subir de cargo na fábrica”, complementa.

No Grupo Alubar, os funcionários também possuem o benefício Ajuda Universitária. “O auxílio ressarci em até R$ 179,71 a mensalidade de cursos de graduação, pós-graduação e técnico. Basta o funcionário apresentar o boleto de pagamento do mês corrente para receber o benefício”, explica a analista de recursos humanos, Adilane Oliveira. Cerca de 60 funcionários utilizam por mês o subsídio, o que significa um investimento da empresa em mais de 10 mil reais por mês. “A gente faz isso para investir no funcionário. Se ele cresce, a empresa cresce junto”, acredita a analista.

Para o grupo, é importante ter funcionários cada vez mais capacitados. Sendo assim, alguns processos seletivos internos são realizados para ocupar cargos superiores, alguns até de liderança. Vislumbrando essa possibilidade de crescimento, a assistente financeiro, Maria Edna Trindade, não para de estudar. Ela, que começou como terceirizada de serviços gerais, conseguiu a contratação. Desde então, concluiu a graduação e, agora, está na pós-graduação com a ajuda do benefício. “Como a empresa está crescendo, quero me especializar para crescer junto. Tenho essa visão de futuro e pretendo continuar”, diz a funcionária, que mora, trabalha e estuda em Barcarena, no nordeste do Estado.

Mas, nem sempre é possível estudar próximo de casa. A técnica de processo da Imerys, Rosana Belo, enfrenta 40 km de estrada, de Barcarena a Belém, para estudar o curso de engenharia de automação, depois de oito horas de trabalho. "Chego em casa depois das 23h. Mas a minha maior motivação tem quatro anos de idade. Meu filho é quem me inspira para conquistar um futuro melhor. Tenho mais dois anos de batalha, mas tenho um objetivo em mente e vou conseguir alcançar esse sonho", acredita.

O eletricista, Leandro Frassate também pertence a esse time. Atualmente ele está no primeiro ano do curso técnico em Qualidade. Assim como os seus colegas de trabalho, vê a educação como a forma mais inteligente de atingir voos altos na empresa, que oferece benefício educação para todos os funcionários. "A Imerys me dá todo o suporte para crescer, então, vejo os estudos como uma oportunidade e não um sacrifício. Estou certo de que serei recompensado no futuro e faço isso por mim e pela minha família", diz.

Intercâmbio
O Projeto “Ciência sem Fronteiras” fruto do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), por meio de suas respectivas instituições de fomento – CNPq e Capes -, e Secretarias de Ensino Superior e de Ensino Tecnológico do MEC, busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. O Projeto prevê a utilização de até 75 mil bolsas oferecidas pelo Governo Federal e mais 26 mil serão concedidas com recursos da iniciativa privada. Em quatro anos o projeto quer promover intercâmbio, de forma que alunos de graduação e pós-graduação façam estágio no exterior com a finalidade de manter contato com sistemas educacionais competitivos em relação à tecnologia e inovação. Para saber mais acesse o site: http://www.cienciasemfronteiras.gov.br

Cursos Técnicos
A pesquisa “As Razões da Educação Profissional: Olhar da Demanda”, feita pela Fundação Getúlio Vargas e Senai, coordenada pelo economista Marcelo Neri, mostrou que o número de pessoas que não tem interesse em fazer cursos técnicos ainda é muito significativo. Para o economista, o motivo do desinteresse pode ser a falta de informação, já que quem faz cursos técnicos aumenta a probabilidade de ganhar melhores salários. O economista garante que o mercado remunera bem quem tem esses tipos de cursos, principalmente a área de indústria e serviços de saúde. “Há um aumento de 14% no salário de quem faz um técnico médio em comparação quem faz apenas o ensino médio puro; e um aumento de 24% no salário de quem faz o superior técnico em relação de quem faz o superior puro”, afirma.

Para democratizar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica para a população brasileira, o Governo Federal criou em 2011 o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

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