domingo, 21 de março de 2010

Comunistas mortos no Araguaia serão homenageados dia 25 em SP

A Comissão de Anistia e a Fundação Maurício Grabois, em data comemorativa pelos 88 anos de fundação do Partido Comunista do Brasil, realizam dia 25 de março, na Câmara de São Paulo, sessão em homenagem à memória de Ângelo Arroyo, Maurício Grabois e Dinaelza Coqueiro, lideranças do PCdoB e heróis do povo brasileiro. O evento terá transmissão ao vivo pelo portal da FMG e pelo portal Vermelho.

A sessão – que começará às 9h30 e se estenderá até às 13h – entregará a portaria de anistiado político de Ângelo Arroyo e julgará os requerimentos de anistia de Maurício Grabois e Dinaelza Coqueiro.

Arroyo, Grabois e Dinaelza lutaram na Guerrilha do Araguaia (1972-1974), ao preço de suas vidas, contra a ditadura militar e por liberdade e democracia. Serão também julgados os requerimentos dos familiares de Arroyo – sua viúva Dolores Cardona Arroyo e seus filhos Lenine Arroyo e Camila Arroyo.


Entre as presenças confirmadas estão o presidente do PCdoB, Renato Rabelo; Vitória Grabois (filha de Maurício Grabois); Diva Santana (irmã de Dinaelza Coqueiro); e Dolores Cardona Arroyo (viúva de Ângelo Arroyo).

“Este evento celebrará a memória daqueles destacados revolucionários e homenageará o legado do PCdoB à causa da democracia, da soberania nacional e do socialismo”, diz Adalberto Monteiro, presidente da FMG.

Os heróis homenageados

Dinaelza Soares Santana Coqueiro nasceu em 22 de março de 1949, em Vitória da Conquista, no estado da Bahia. Filha de Antônio Pereira de Santana e Junília Soares Santana, concluiu o curso primário e secundário no Instituto Regis Pacheco, em Jequié, e, em 1969, iniciou o curso de Geografia na Pontifícia Universidade Católica de Salvador.

Participou do movimento estudantil e fez parte da Comissão Executiva do Diretório Central dos Estudantes dessa universidade. Trabalhou na empresa aérea Sadia – mais tarde Transbrasil – até o início de 1971. Estava decidida a lutar contra a ditadura e a defender os ideais de justiça e liberdade. Para tanto, tomou a decisão de participar do movimento guerrilheiro nas selvas do Araguaia, onde atuou com o marido Vandick Reidner Pereira Coqueiro, também desaparecido.
Utilizava os codinomes Dinorá e Maria Dina. Atuava na área de Xambioá (à época, estado de Goiás, hoje Tocantins) e Marabá (do estado do Pará).

Confome o Relatório do Ministério da Marinha, ela foi morta em 8 de abril de 1974. Seus companheiros a viram em liberdade pela última vez em 30 de dezembro de 1973.

Segundo moradores da região, Dinaelza foi aprisionada por tropas do Exército.

Maurício Grabois nasceu em 2 de outubro de 1912. Homem de larga cultura, jornalista, propagandista e agitador lúcido e apaixonado, polemista arguto, tático de rara sensibilidade, por sua ação e seu pensamento foi um dos mais destacados dirigentes do Partido Comunista do Brasil. Um expoente entre os marxistas-leninistas brasileiros.

Ingressou no Partido em 1932. Responsável pelo setor nacional de agitação e propaganda da Juventude Comunista tomou parte ativa nas jornadas de 1934 e 1935 contra o fascismo, o imperialismo e o latifúndio, que resultaram na formação da Aliança Nacional Libertadora (ANL). Preso em 1941, ao sair do cárcere, em 1942, integrou a Comissão Nacional de Organização Provisória (Cnop), que tinha como principal objetivo a rearticulação do Partido – que havia sido destroçado pelo Estado Novo. Deputado eleito à Assembleia Nacional Constituinte em 1945, liderou a bancada comunista no Congresso Nacional até janeiro de 1948. Em 1962, conjuntamente com João Amazonas, Pedro Pomar, Lincoln Oest, Carlos Danielli, Elza Monnerat e outros, liderou a reorganização do Partido Comunista do Brasil. Maurício Grabois foi o comandante da Guerrilha do Araguaia. No Natal de 1973, em um ponto das selvas da Amazônia, foi cercado pela repressão e metralhado.

Ângelo Arroyo nasceu em 6 de novembro de1928, na cidade de São Paulo. Era filho de Ângelo Arroyo e Encarnação Pardito. Operário metalúrgico, ingressou no Partido Comunista do Brasil em 1945. Foi ativista do movimento sindical paulista, tornando-se um dos líderes do Sindicato dos Metalúrgicos na década de 1950. Participou das greves de 1952-1953 em São Paulo.

Perseguido pela ditadura militar implantada com o golpe de 1964, foi para o Araguaia organizar os destacamentos guerrilheiros. Era um dos comandantes da Guerrilha. Foi um dos poucos guerrilheiros sobreviventes daquela epopeia do povo brasileiro. Em fins de janeiro de 1974, conseguiu furar o cerco dos militares e reencontrar os companheiros do Partido em São Paulo, aos quais entregou um relatório detalhado sobre as atividades da Guerrilha. Ângelo Arroyo foi fuzilado em 16 de dezembro de 1976, durante uma reunião da direção do PCdoB na Rua Pio XI, bairro da Lapa, na cidade de São Paulo. Na ocasião, também foram assassinados os dirigentes comunistas Pedro Pomar e João Baptista Franco Drummond. Tal episódio ficou conhecido como “Chacina da Lapa”.

Do site Vermelho

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