O acordo celebrado em Teerã entre o Brasil,a Turquia e os Estados Unidos despertou a fúria dos EUA, que insistem na política imperialista de punições, um caminho que contraria os anseios de paz da humanidade.
Por Socorro Gomes*
Por Socorro Gomes*
Basta dar uma rápida mirada no mapa e na História para se ter uma noção do porquê o imperialismo estadunidense pressiona o Irã, pretende estrangulá-lo e criar pretextos para agredi-lo. O país é herdeiro da civilização persa, uma das mais antigas do mundo. Localizado entre o Oriente Médio, o Cáucaso, a Ásia Central e o Golfo Pérsico, é também próximo do Leste europeu e do subcontinente indiano. Limita-se ao sul com o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã. Tem como vizinhos também o Afeganistão e o Paquistão, o Iraque e a Turquia, países de interesse estratégico para os Estados Unidos e seus aliados, além da Armênia, do Arzebaijão e do Turcomenistão. É banhado pelo mar Cáspio, alvo de intensas disputas interimperialistas.
O Irã possui imensas riquezas. É detentor da segunda maior reserva de petróleo e gás do planeta. Os Estados Unidos consideram seu abastecimento em petróleo como um dos elementos essenciais da sua política de segurança. Tem buscado apropriar-se desses recursos através de agressões militares, guerras de conquistas, chantagens nucleares, golpes de estado e outros meios, em toda a região do Oriente Médio, que concentra cerca de 2/3 das reservas mundiais de petróleo. Já nos anos 1950, o próprio Irã já fora vítima da cobiça imperialista pelo petróleo. Em 1953, num conluio entre os serviços secretos britânico e norte-americano, o então primeiro-ministro Mossadegh foi derrubado do cargo de primeiro-ministro porque havia nacionalizado o petróleo.
Hoje, sob a bandeira de “guerra ao terrorismo”, a maior potência militar do planeta tem intensificado a militarização de sua política externa e empreendido uma campanha para abocanhar as fontes de energia do Oriente Médio, especialmente do Golfo Pérsico, e controlar as rotas de abastecimento.
Os demais conflitos no Oriente Médio seguem a mesma lógica. Washington quer controlar a região e submeter os países para saquear. Este foi o pano de fundo da guerra de agressão ao Iraque, cuja ocupação já dura quase 8 anos Afinal, o império em decadência, consumista e parasitário, está às voltas com sua indigência em fontes de energia. No livro “Petróleo e poder: o envolvimento militar dos Estados Unidos no Golfo Pérsico” (Editora Unesp, 2008) o professor Igor Fuser demonstra que os Estados Unidos importam mais de 50 por cento do petróleo de que necessitam. Em contraste, observa-se no mundo atual uma crescente luta das nações em desenvolvimento para afirmar a sua soberania e o controle das suas riquezas.
Esta é uma das principais razões para o destempero contido na reação da secretária de Estado dos EUA, Hilary Clinton, quando viu esboroarem-se as condições de impor sanções ao Irã, diante do acordo entre este país, o Brasil e a Turquia. A atitude da Sra. Clinton, que distorceu os fatos e mentiu sem cerimônia, foi de fazer inveja ao lobo de La Fontaine.
Brasil e Turquia são atualmente membros rotativos do Conselho de Segurança da ONU. Tinham plena legitimidade para promover o acordo, agiram segundo as normas do Direito Internacional e no espírito do próprio Tratado de Não Proliferação Nuclear que garante o direito ao uso da energia nuclear para fins pacíficos. O Irã, por sua vez, foi mais além, ao defender a não proliferação e o desarmamento: “Tecnologia nuclear para todos e armas nucleares para nenhum”, disse o presidente iraniano Ahmadinejad durante a Conferência das Nações Unidas para Exame do TNP. Mas o desarmamento não está no horizonte das potências nucleares, o que pode levar a Conferência que se encerra em 28 de maio a mais um fracasso, como ocorreu com a de cinco anos atrás.
A maior potência bélica do planeta não só ignora o clamor da humanidade pelo desarmamento, como se recusa a declarar que não será o primeiro país a lançar mão da arma nuclear. Uma tragédia já ocorreu, fruto de um crime de lesa-humanidade, vitimando o povo japonês que viveu o “inferno de Dante” em Hiroshima e Nagasaki, quando os EUA lançaram nessas duas cidades as suas bombas atômicas. Até hoje os EUA não foram punidos por tal crime.
Reafirmando a luta pelo desarmamento nuclear, valorizamos o diálogo e as iniciativas de paz, como o acordo recentemente celebrado entre o Brasil, a Turquia e o Irã e nos manifestamos em solidariedade aos países que lutam pela sua autodeterminação e soberania energética, desenvolvendo a tecnologia nuclear com finalidades pacíficas, na saúde, na agricultura etc.
Foi uma provocação a atitude iracunda e ameaçadora da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, de propor sanções contra o Irã poucas horas depois de celebrado o acordo de Teerã, que levava em conta até mesmo algumas propostas anteriormente formuladas pelos Estados Unidos. Ficou patente que diálogo, multilateralismo e normas do direito internacional são expressões meramente retóricas para os ocupantes da Casa Branca, o Departamento de Estado e o Pentágono. Evidencia-se também que os EUA não aceitam perder a iniciativa e abominam o protagonismo de outros países no cenário internacional.
No momento em que se intensificam os debates sobre não proliferação e desarmamento nuclear, é importante reafirmar o Apelo de Estocolmo, lançado há 60 anos pelo Conselho Mundial da Paz:
“Exigimos a proibição absoluta da arma atômica, arma de agressão e de exterminação em massa das populações.
Exigimos o estabelecimento de um rigoroso controle internacional para assegurar a aplicação desta proibição.
Consideramos que o primeiro governo que utilizar a arma atômica, não importa contra qual país, cometerá um crime contra a humanidade e deveria ser tratado como criminoso de guerra.
Apelamos a todas as pessoas de boa vontade no mundo a assinarem este apelo.”
*Presidente do Conselho Mundial da Paz e do Cebrapaz.
O Irã possui imensas riquezas. É detentor da segunda maior reserva de petróleo e gás do planeta. Os Estados Unidos consideram seu abastecimento em petróleo como um dos elementos essenciais da sua política de segurança. Tem buscado apropriar-se desses recursos através de agressões militares, guerras de conquistas, chantagens nucleares, golpes de estado e outros meios, em toda a região do Oriente Médio, que concentra cerca de 2/3 das reservas mundiais de petróleo. Já nos anos 1950, o próprio Irã já fora vítima da cobiça imperialista pelo petróleo. Em 1953, num conluio entre os serviços secretos britânico e norte-americano, o então primeiro-ministro Mossadegh foi derrubado do cargo de primeiro-ministro porque havia nacionalizado o petróleo.
Hoje, sob a bandeira de “guerra ao terrorismo”, a maior potência militar do planeta tem intensificado a militarização de sua política externa e empreendido uma campanha para abocanhar as fontes de energia do Oriente Médio, especialmente do Golfo Pérsico, e controlar as rotas de abastecimento.
Os demais conflitos no Oriente Médio seguem a mesma lógica. Washington quer controlar a região e submeter os países para saquear. Este foi o pano de fundo da guerra de agressão ao Iraque, cuja ocupação já dura quase 8 anos Afinal, o império em decadência, consumista e parasitário, está às voltas com sua indigência em fontes de energia. No livro “Petróleo e poder: o envolvimento militar dos Estados Unidos no Golfo Pérsico” (Editora Unesp, 2008) o professor Igor Fuser demonstra que os Estados Unidos importam mais de 50 por cento do petróleo de que necessitam. Em contraste, observa-se no mundo atual uma crescente luta das nações em desenvolvimento para afirmar a sua soberania e o controle das suas riquezas.
Esta é uma das principais razões para o destempero contido na reação da secretária de Estado dos EUA, Hilary Clinton, quando viu esboroarem-se as condições de impor sanções ao Irã, diante do acordo entre este país, o Brasil e a Turquia. A atitude da Sra. Clinton, que distorceu os fatos e mentiu sem cerimônia, foi de fazer inveja ao lobo de La Fontaine.
Brasil e Turquia são atualmente membros rotativos do Conselho de Segurança da ONU. Tinham plena legitimidade para promover o acordo, agiram segundo as normas do Direito Internacional e no espírito do próprio Tratado de Não Proliferação Nuclear que garante o direito ao uso da energia nuclear para fins pacíficos. O Irã, por sua vez, foi mais além, ao defender a não proliferação e o desarmamento: “Tecnologia nuclear para todos e armas nucleares para nenhum”, disse o presidente iraniano Ahmadinejad durante a Conferência das Nações Unidas para Exame do TNP. Mas o desarmamento não está no horizonte das potências nucleares, o que pode levar a Conferência que se encerra em 28 de maio a mais um fracasso, como ocorreu com a de cinco anos atrás.
A maior potência bélica do planeta não só ignora o clamor da humanidade pelo desarmamento, como se recusa a declarar que não será o primeiro país a lançar mão da arma nuclear. Uma tragédia já ocorreu, fruto de um crime de lesa-humanidade, vitimando o povo japonês que viveu o “inferno de Dante” em Hiroshima e Nagasaki, quando os EUA lançaram nessas duas cidades as suas bombas atômicas. Até hoje os EUA não foram punidos por tal crime.
Reafirmando a luta pelo desarmamento nuclear, valorizamos o diálogo e as iniciativas de paz, como o acordo recentemente celebrado entre o Brasil, a Turquia e o Irã e nos manifestamos em solidariedade aos países que lutam pela sua autodeterminação e soberania energética, desenvolvendo a tecnologia nuclear com finalidades pacíficas, na saúde, na agricultura etc.
Foi uma provocação a atitude iracunda e ameaçadora da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, de propor sanções contra o Irã poucas horas depois de celebrado o acordo de Teerã, que levava em conta até mesmo algumas propostas anteriormente formuladas pelos Estados Unidos. Ficou patente que diálogo, multilateralismo e normas do direito internacional são expressões meramente retóricas para os ocupantes da Casa Branca, o Departamento de Estado e o Pentágono. Evidencia-se também que os EUA não aceitam perder a iniciativa e abominam o protagonismo de outros países no cenário internacional.
No momento em que se intensificam os debates sobre não proliferação e desarmamento nuclear, é importante reafirmar o Apelo de Estocolmo, lançado há 60 anos pelo Conselho Mundial da Paz:
“Exigimos a proibição absoluta da arma atômica, arma de agressão e de exterminação em massa das populações.
Exigimos o estabelecimento de um rigoroso controle internacional para assegurar a aplicação desta proibição.
Consideramos que o primeiro governo que utilizar a arma atômica, não importa contra qual país, cometerá um crime contra a humanidade e deveria ser tratado como criminoso de guerra.
Apelamos a todas as pessoas de boa vontade no mundo a assinarem este apelo.”
*Presidente do Conselho Mundial da Paz e do Cebrapaz.
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