Um pequeno fruto abundante na Amazônia pode ser uma alternativa para
solucionar o déficit de energia elétrica na região, de acordo com um projeto do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
O tucumã, encontrado na palmeira de mesmo nome, se tornou matéria-prima
na produção de biodiesel capaz de movimentar geradores empregados no
fornecimento de luz elétrica para comunidades rurais.
Pesquisadores do Inpa conseguiram extrair da semente do fruto um óleo
vegetal que pode ser transformado em “combustível natural” após um processo
químico.
Segundo Sérgio Nunomura, pesquisador do instituto, a necessidade de se
criar formas alternativas para a geração de energia levou um grupo de
cientistas a desenvolver testes com o tucumã.
“Testes laboratoriais mostraram que é possível movimentar um gerador com
o biodiesel de tucumã. Isto poderia contribuir com comunidades isoladas da
Amazônia, onde ainda não existe energia elétrica”, explica Nunomura.
Energia como desenvolvimento – De acordo com o pesquisador, atualmente cerca de 500 comunidades do
Amazonas passam por dificuldades devido à falta de luz elétrica.
“É um dos principais empecilhos para melhorar o índice de
desenvolvimento humano na população do estado. Sem energia, não tem como
preservar o alimento, fica difícil o acesso à educação e à comunicação. [O óleo
de tucumã] seria uma alternativa natural ao problema”, explica.
A palmeira tucumã dá fruto o ano todo, segundo o Inpa. Cada unidade
produz até três cachos contendo cerca de 130 frutos. A produção do biodiesel
resolveria ainda um problema ambiental detectado em Manaus: o manejo dos
resíduos do tucumã.
Isso porque o fruto é empregado na culinária amazonense, tendo como
principal representante o sanduíche batizado de “x-caboquinho”, que é pão,
queijo coalho e o fruto picado – iguaria apreciada principalmente no café da
manhã.
“Só que hoje, as sementes, principal matéria-prima do biodiesel, vão
para o lixo. A produção em massa desse combustível alternativo poderia
reutilizar os restos deste fruto, evitando o desperdício”, diz Nunomura.
Ainda não há previsão para início de uma produção em larga escala do
combustível, já que o biodiesel ainda segue em fase de testes.
Cadeia produtiva – Entretanto, o pesquisador ressalta que são necessários investimentos
maciços em maquinário para conseguir produzir este combustível em massa nas
regiões mais isoladas. Sem especificar valores, Nunomura cita, por exemplo, a
criação de uma cadeia produtiva para que o projeto de biodiesel natural dê
certo.
“É preciso uma organização nas comunidades e investimentos nelas. Quando
você leva energia elétrica para essas regiões, gera um grande potencial
econômico que precisa ser administrado. Deste modo, a formação de cooperativas
é essencial”, disse. (Fonte: Eduardo Carvalho/
Globo Natureza)
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