terça-feira, 24 de abril de 2012

Em entrevista à ANN, Jorge Panzera, presidente do PC do B e pré-candidato do partido à Prefeitura de Belém


O entrevistado de ontem (23) da Agência Norte de Notícias (ANN) é Jorge Panzera, atual dirigente estadual do PC do B no Pará. Como ele mesmo se define, é um militante da luta política e do povo, que começou como estudante na década de 80, ainda no movimento secundarista, sendo depois presidente da UJS. 
Panzera sempre militou no PC do B, desde a legalização do partido, no qual construiu uma história de luta. No governo de Ana Júlia, Jorge Panzera foi subchefe da casa civil e Secretário de Esportes e também já se candidatou a deputado federal pelo partido. Neste ano, ele é o pré-candidato do PC do B á prefeitura de Belém.
1 - Como o senhor avalia este primeiro ano do governo Jatene?
- Avalio como um governo medíocre, sem realização, sem pensar em desenvolvimento do Estado, um governo que é apenas “mais do mesmo”. Veja o que foi apresentado como agenda mínima: segurança, saúde e educação. Belém foi considerada a segunda cidade mais violenta do mundo, a insegurança é cada vez maior. 
Criou-se circunstância para “maquiar dados” de chacinas e outras violências, como jovens matando jovens, ou seja, matando o próprio futuro. Não há segurança pública, o Pará voltou a figurar nos dados da violência no campo.
Falando sobre saúde, no final de 2012, o Ministério Público constatou que Belém tem a segunda pior saúde pública do Brasil, e o Pará a pior saúde do Brasil. A crise que ocorre entre Prefeitura e Governo mostra a incapacidade de gestão. Os problemas são os mesmo de sempre e continuam ocorrendo, uma cena absurda.
Na educação, os professores estão fazendo greve para que o governo cumpra a lei e o governo de Jatene está contra a lei, colocando a polícia contra os professores para garantir que não seja feito o pagamento, que é deles por lei.
A gestão de Jatene lançou uma agenda mínima que é literalmente, mínima mesmo. 
Podem argumentar que é o primeiro ano de governo, mas antes foram doze anos de gestão, os quatro anos de Ana Júlia foram apenas um intervalo. Há programas abandonados, como o NavegaPará, entre outros. 
As coisas continuam sem um caminho concreto. O governo deveria aproveitar o momento do Brasil, que está em crescimento, mas não aproveita. Nossa solução é construir um caminho para derrotar o PSDB em 2014.
2 – O que o senhor acha da gestão de Duciomar Costa?
- A grande notícia é que a gestão de Duciomar está chegando ao fim. Para quem conviveu oito anos com esse governo, oito meses não será nada. O governo Duciomar não tem nenhuma coordenação, não há interrelação entre as nomeadas coordenações, não há planejamento, e ainda existe uma subserviência da Câmara Municipal, que excluiu conquistas históricas da população, como a discussão do Plano Diretor em conjunto com o povo. Não há um olhar para uma cidade como está a nossa, há crise na saúde. Este é um governo que é só marketing, assim como o do Jatene.
3 – O que você acha do BRT?
- O BRT é impossível de ser definido, é um “abacaxi” que será deixado para o próximo governo. O problema é que é um mistério. Só se viu uma maquete eletrônica, é um segredo ou ele realmente não existe, é uma jogada, cheio de suspeita, não foi discutido com a população. Problemas de uma cidade como Belém não podem ser resolvidos assim. Aqui também entra o governo do Estado, que deveria articular com os prefeitos. É um projeto que parece que foi feito apenas para ter um financiamento, uma janela para uma empresa entrar. 
Um projeto como esse teria de ser pensado de acordo com o interesse da cidade, não copiado do modelo de outra metrópole. Em Belém deveriam ser aproveitadas as vias mais largas, pois o projeto atual de ordenação do trânsito na cidade gera congestionamento em determinadas áreas e faz com que o transporte público tenha pouca racionalidade.
4 – Em sua opinião, quais os problemas mais urgentes a serem resolvidos em Belém?
- Temos questões que precisam ser pensadas. A do trânsito é uma. A da saúde também, mas é um problema do Brasil inteiro, que perde em maior ou menor grau nessa área. No caso da saúde, a meu ver, seria necessário inverter a lógica atual, uma saúde que trata depois que a pessoa já está doente. A lógica seria cuidar primeiro, impedindo que as pessoas ficassem doentes, fazer um esforço grande de prevenção, principalmente para a saúde da família, que é algo urgente e necessário.
O problema da educação é não ter tido soluções. Temos uma carência muito grande, uma ausência do poder público, que deveria se dedicar, fazer uma reforma urbana, com saneamento básico, e dar uma atenção melhor. A iluminação pública pode ser melhorada, para melhorar também a segurança. A violência deve ser “atacada”, devemos cuidar das praças, que são patrimônio do paraense, e que não existe em alguns bairros da capital. 
Volto a dizer, vivemos um período no Brasil em que dá para captar recursos. Aí você pode me perguntar, onde captaremos recursos para resolver esses problemas? Projetos bem construídos podem captar recursos para enfrentar as questões que eu levantei.
5 – Como pode ser resolvido o problema do saneamento na capital?
- O problema aparente são os alagamentos, mas há problemas que geram isso. Deveria haver um tratamento de esgoto, políticas de recolhimento de lixo e de resíduos sólidos, a cidade fica mais limpa e gera emprego e renda. É necessário dar continuidade á macrodrenagem do Uma, da bacia do Tucunduba, refletir um preparo que tivesse efetivamente o saneamento básico, que geraria melhores condições, um conjunto de políticas para pensar o saneamento. 
6 – Como o PC do B se prepara para as eleições deste ano?
- Temos projetos, ideias, soluções são afloradas, levando pré-candidatos, participando de debates e também juntando forças com políticos, intelectuais e outras categorias. Temos conversado com outros partidos buscando entendimento, estamos juntos na disputa eleitoral e nosso partido tem feito esse esforço, conversando com outros partidos sobre soluções que podemos encontrar juntos, que forças políticas podemos juntar, idéias similares, com setores que estão na base governista da presidenta Dilma. 
Conversamos com esses partidos para, mais à frente, com eles, disputar a eleição. O PC do B entende que também é uma eleição para vereadores que renovará a Câmara, que, como eu já citei, é subserviente aos ditames da prefeitura. Um exemplo disso foi a aprovação do BRT. A Câmara deveria ser democrática, participativa.
Também queremos construir candidaturas representativas lá, que contribuam para o Legislativo, para apresentar um conjunto de nomes qualificados e comprometidos.
7 – Com quais alianças o partido já conta para as eleições de 2012?
- Não temos nenhuma aliança configurada, mas temos diálogo com o PT, PV, PSOL, PT do B, PPN e estamos abertos para dialogar com o PSB e PDT, além de temos conversado com o PMDB também. Boa parte desses partidos já tem candidatos apresentados. 
Nosso interesse é construir alianças com vários partidos, pois também temos o nosso já apresentado. estamos vivendo um momento de diálogos cada vez maiores, mais intensos. Acreditamos que poderemos até estar à frente e ter um conjunto desses partidos conosco.
8 – E no Estado, o PC do B pretende lançar quantos candidatos?
- Hoje o PC do B deve ter em torno de 15 a 20 candidatos apresentados em todo o Estado, em especial nas cidades de Belém, Tucuruí, Abaetetuba, Cametá, Itaituba, Tailândia, Brejo Grande do Araguaia, Colares e Itupiranga, entre outras. Há também muitas cidades onde pleiteamos a vice-prefeitura. Temos 300 a 400 candidatos a vereador em todo o Estado; 50 somente em Belém e 25 a 30 em todo o Estado.
Por Redação ANN em 23/04/2012


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